Imprensa tira e põe Mercadante na Lava Jato e na Casa Civil


Patricia Faermann, GGN

 "As confusões em cima dos movimentos do ministro-chefe da Casa Civil não terminam. Mencionado em depoimento da Operação Lava Jato, a imprensa adiantou-se e publicou, falsamente, que o STF já havia aberto inquérito contra ele. Nesse meio de análises, hipóteses, fatos ou suposições, essa sexta-feira (11) foi marcada pelo "entra e sai" de Mercadante do próprio Ministério.
 
Primeiro, foi preciso uma resposta do próprio Supremo Tribunal Federal e da Procuradoria-Geral da República, afirmando que a denúncia envolvendo o ministro da Casa Civil "não têm relação aparente com corrupção na Petrobras", mas que seriam, segundo as suspeitas, casos de caixa 2, crime eleitoral.
 
O ministro relator Teori Zavascki disse, em decisão solicitando redistribuir o caso, que "das análises dos atos, é possível constatar que os autos descritos nesse procedimento não têm relação de pertinência imediata das demais investigações sob minha relatoria, notadamente relacionadas no âmbito da Petrobras".
 
A "correção" (glo.bo/1i4lI31 e bit.ly/1L6Smwy) e os "erramos" dos jornais veio apenas depois de três dias seguidos - de sábado (05) a segunda-feira (07), de publicações imputando Mercadante na Lava Jato.  Explicando algum tipo de apuração, a Folha disse que "duas fontes, sob condição de anonimato, confirmaram" as informações inicialmente divulgadas no Jornal Nacional e no O Estado de S. Paulo.
 
 
Ignorando a nota desta sexta-feira (11), admitindo "Folha cometeu erro ao noticiar inquéritos", o mesmo jornal impresso amanheceu hoje com a manchete: "Dilma busca nome fora do PT para substituir Mercadante". 
 
A reportagem, que volta a utilizar "fontes em off", diz que a presidente Dilma Rousseff "percebeu que precisa fazer um movimento de impacto, com ressonância política" e que "avalia substituir seu braço direito até mesmo por alguém de fora da política". A fonte não identificada são "assessores" de Dilma, diz a Folha. 
 
E foi preciso uma resposta do ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, em nota oficial, para descartar o blefe levantado e garantir a permanência do ministro da Casa Civil. 
 
"Mercadante tem total confiança da presidente Dilma. Tem sido fundamental nos projetos do governo e na construção da governabilidade. É uma figura central para a construção de retomada das condições de crescimento", disse Edinho Silva.
 
Uma das primeiras reportagens do Estadão desta sexta foi a atuação conjunta da presidente Dilma com Mercadante, para tentar recuperar apoio de lideranças da base no Congresso, diante do resultado de queda de investimento pela agência de risco Standard & Poor's. 
 
Mas curiosamente, horas depois publica "PMDB e PT consideram Mercadante 'desagregador' e pressionam Dilma a substituí-lo", endossando a manchete de capa da Folha, ainda que após a negativa do Palácio do Planalto. 
 
O jogo de suposições e respostas oficiais, contra ainda mais hipóteses, é possível de ser analisado atentando-se àqueles que bancam a informação. As colunas de opinião dos grandes jornais declaram insistência pela saída do ministro-chefe da Casa Civil. "Trancada no Planalto com Aloizio Mercadante e Edinho Silva, a presidente parece sentada nos escombros da economia, da política, da cúpula histórica do PT", opinou hoje Eliane Cantanhêde."

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