Com que moral Cunha pode abrir um impeachment?


"À medida em que avançam as investigações da Operação Lava Jato, diminui a envergadura moral do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para conduzir a abertura de um eventual processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff; dois fatos recentes complicaram ainda mais a situação de Cunha, que já é acusado no Supremo Tribunal Federal por corrupção e lavagem de dinheiro; mais recente foi a remessa ao Supremo Tribunal Federal pelo juiz Sérgio Moro da cópia do depoimento de João Augusto Henriques, apontado como lobista do PMDB, que disse em depoimento ter feito "a pedido de terceiro" transferência bancária a um político com foro privilegiado; investigadores da operação afirmam que trata-se de Cunha; segundo complicado veio do também lobista do PMDB Fernando Baiano, que confirmou informação do empresário Julio Camargo, de que Cunha pediu e recebeu propina de pelo menos US$ 5 milhões por contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras

Brasil 247

A situação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que pretende conduzir a abertura de um eventual processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, se complica à medida em que avançam as investigações da Operação Lava Jato.

Cunha, que já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal por corrupção e lavagem de dinheiro, viu nessa sexta-feira, 25, o juiz Sérgio Moro remeter ao STF cópia do depoimento do empresário João Augusto Henriques, apontado como lobista do PMDB no esquema de corrupção na Diretoria Internacional da Petrobrás. Henriques disse em depoimento fez "a pedido de terceiro" transferência bancária a um político com foro privilegiado em um contrato da estatal para a aquisição do campo de exploração em Benin, na África.

No mesmo dia, investigadores da Lava Jato informaram que o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, outro operador do PMDB no esquema de propinas da estatal, confirmou em depoimento informações dadas por outro delator, o empresário Julio Camargo, de que o presidente da Câmara teria recebido propina de pelo menos US$ 5 milhões por contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras.

Júlio Camargo já teve o acordo de delação homologado pelo Supremo Tribunal Federal e disse a procuradores que Fernando Baiano intermediava os repasses para Eduardo Cunha.

Isolado dentro do seu próprio partido, Eduardo Cunha recrudesce o discurso contra o governo e pede a saída do PMDB da aliança com a presidente Dilma.

Em direção oposta, a bancada do PMDB na Câmara se aproxima cada vez mais do governo, numa articulação liderada pelo líder do partido Leonardo Picciani.

Com novos fatos surgindo e a confirmação por mais pessoas das denúncias de corrupção envolvendo Cunha já divulgadas, qual a moral do presidente da Câmara para conduzir impeachment de Dilma, contra quem não há suspeitas de favorecimento?"

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