Anúncio de medidas fiscais leva Ibovespa a subir 1,90%


Jornal GGN

O mercado brasileiro começou a semana com ganho de quase 2%, em dia marcado pelas expectativas em torno das medidas de austeridade fiscal anunciadas pelo governo no fim do dia, mesmo com o tom de cautela às vésperas da reunião do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos. O Ibovespa (índice da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) encerrou as operações em alta de 1,90%, aos 47.281 pontos e com um volume negociado de R$ 5,207 bilhões.

Os ganhos foram puxados pelo desempenho favorável das ações dos bancos, que possuem grande peso na composição do Ibovespa. As ações do Banco do Brasil (BBAS3) subiram 5,63%, a R$ 17,08. As do Bradesco (BBDC4) ganharam 4,46%, a R$ 23,40. Os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4) avançaram 4,03%, a R$ 27,59.

Os investidores aguardavam ao longo do dia o anúncio do governo sobre os cortes no Orçamento de 2016 e aumento da receita - medida tomada poucos dias depois que a agência de classificação de risco Standard & Poor's retirou o chamado "grau de investimento" do Brasil.

A entrevista teve início pouco antes do fechamento dos mercados. Entre outras medidas, os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciaram um corte de R$ 26 bilhões no Orçamento de 2016, sendo R$ 8,6 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Desse valor, R$ 4,8 bilhões sairão do programa Minha Casa, Minha Vida. Levy também informou que o governo pretende criar um tributo nos moldes da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), com alíquota de 0,2%, para elevar a arrecadação e ajudar a fazer superávit primário (economia para pagar os juros da dívida) em 2016. A suspensão de concursos públicos para cargos federais no Executivo, Legislativo e Judiciário também foi citada.

No câmbio, a cotação do dólar comercial fechou em queda de 1,63%, a R$ 3,814 na venda. As operações foram marcadas pela instabilidade, em meio à expectativa pelo anúncio do governo sobre os cortes no Orçamento de 2016 para viabilizar o pagamento dos juros da dívida.

O Banco Central também deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais (equivalentes à venda futura de dólares) com vencimento programado para outubro, vendendo a oferta total de até 9.450 contratos. Ao todo, a autoridade monetária rolou o equivalente a US$ 4,080 bilhões, ou cerca de 43% do lote total, que corresponde a US$ 9,458 bilhões.

Também foram negociados 3,5 mil contratos para 1º de dezembro de 2016 e 5.950 contratos para 3 de abril de 2017. Até a sessão passada, o BC vinha ofertando contratos para 1º de agosto de 2016, substituídos pelos vencimentos em 2017.

Apesar do relativo otimismo com relação às medidas tomadas no Brasil, ainda existia um tom de cautela por conta da reunião do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) programada para esta semana. Existe a possibilidade de os juros norte-americanos subirem, mas os sinais de desaceleração da economia chinesa trouxeram alguma incerteza ao prognóstico.

Para terça-feira, os agentes aguardam a divulgação do IGP-10 (Índice Geral de Preços - 10) no Brasil, além da repercussão das medidas orçamentárias anunciadas por Joaquim Levy e Nelson Barbosa. A agenda de dados será mais movimentada no mercado internacional, com a publicação das vendas no varejo, produção industrial e estoques de empresas nos Estados Unidos; pesquisa de expectativas na Alemanha; índice de preços ao consumidor na França; índice de preços ao consumidor na Grã-Bretanha; balança comercial e pesquisa de expectativas na zona do euro; e a decisão de política monetária no Japão."

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