Pau tem dado em Chico, mas poupado Francisco'


Tereza Cruvinel, Blog: Tereza Cruvinel

Quatro senadores do PT, embora declarando apoio à recondução do procurador-geral Rodrigo Janot, foram duros ao cobrar-lhe uma conduta mais isonômica do Ministério Público, citando a seletividade de denúncias, investigações e vazamentos que têm como alvo o PT, e a indulgência para com os casos que envolvem o PSDB e figuras da oposição. Jorge Viana e Lindbergh Farias foram os mais duros, tendo este último, para irritação dos tucanos, citado o arquivamento de citação ao senador Aécio Neves como beneficiário de propina em Furnas pelo doleiro Youssef. "O senhor me desculpe, mas pau que tem dado em Chico precisa dar também em Francisco", disse Jorge Viana no final de sua intervenção.

A senadora Fátima Bezerra e o senador José Pimentel foram os primeiros a fazer cobranças a Janot sobre a atuação de procuradores, cobrando o reconhecimento de que foi nos governos do PT, a partir do primeiro governo Lula, que se criou a prática de indicar para o cargo de procurador-geral da República o mais votado na categoria. O senador tucano Aloyisio Nunes protestou quando se lembrou que FHC indicou o sétimo da lista, que era o já procurador Geraldo Brindeiro, que ocupou o cargo quatro vezes seguidas. "Ele era o melhor". Os dois petistas cobraram também o tratamento diferente dado aos mensalões do PT e do PSDB, estando este último, que diz respeito às eleições de 1998 em Minas, até hoje sem ser julgado. "À espera da prescrição", disse Pimentel.

O que eles disseram a Janot, em resumo, foi o seguinte: Vamos te reconduzir por republicanismo mas saiba que nos sentimos apunhalados pela atuação do MP em sua gestão.

Jorge Viana fez uma fala eloquente, citando o costume atual de se prender antes de investigar, os vazamentos seletivos, as denúncias infundadas, como uma que ele mesmo enfrentou, para só ser julgado e inocentado agora, cinco anos depois. Disse estranhar a re-prisão de José Dirceu, que já estava preso, em regime domiciliar e citou vários casos de vazamento seletivo em que o alvo era o PT.

Outro que questionou as práticas do Judiciário e do Ministério Público foi Roberto Requião, do PMDB, citando "paladinos da Justiça que atropelam os ritos da Justiça e as garantias para obter resultados que agradem à população".

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