Jornal GGN
"O Instituto Lula divulgou nota em resposta à reportagem "Nosso homem em Havana", veiculada na edição deste final de semana (29/08) pela revista Época. A matéria afirma que o ex-presidente Lula teria feito lobby clandestino para a construção do porto de Mariel na ilha utilizando, indevidamente, recursos do BNDES. Segundo o Instituto Lula a revista reproduziu apenas alguns trechos dos telegramas diplomáticos trocados quando Brasil e Cuba discutiam os trâmites para as obras do porto, quando deveria ter elaborado sua matéria em cima de todo o conteúdo, o que atestaria "a conduta rigorosamente correta do ex-presidente Lula em seus contatos com as autoridades cubanas e com dirigentes empresariais brasileiros". Além disso, os documentos acessados pela revista são sigilosos, do Ministério das Relações Exteriores, logo o único crime presente seria o vazamento ilegal do conteúdo não explicado corretamente pela Época.
Outro ponto observado pelo Instituto é
que o fato de ter havido um representante diplomático do Brasil em uma
das reuniões citadas pela reportagem entre o ex-presidente e empresários
brasileiros "demonstra que nada de ilícito foi ou poderia ter sido
tratado naquele encontro".
"O mesmo se aplica ao relato, para o
citado diplomata, da conversa de Lula com Raul Castro sobre o
financiamento de exportações brasileiras para Cuba", completa a nota do
Instituto. Chama ainda a atenção para a tentativa exagerada da revista
em tornar ilícitos procedimentos corriqueiros comerciais e financeiros
abordados nos telegramas diplomáticos (utilizados como fonte da
matéria). "Como os jornalistas da Época deveriam saber, se não por dever
de ofício, pelo simples fato de que trabalham nas Organizações Globo. A
TV Globo exporta novelas para Cuba desde 1982, exporta para a China e
exportou para os países de economia fechada do antigo bloco soviético",
ressaltaram.
Na matéria, a revista Época chamou o
Office of Foreign Assets Control, agência do governo dos EUA que atua no
bloqueio comercial sujeitando as empresas que comercializam com Cuba
penalidades e restrições legais nos Estados Unidos de "organismo
internacional de fiscalização". A reportagem, ainda segundo o Instituto
Lula, mente ao insinuar nos trechos retirados dos documentos do
Itamaraty a menção de interferência do ex-presidente em decisões do
BNDES para financiar empresas para as obras de Mariel, lembrando que o
financiamento do BNDES às obras do porto estavam aprovadas dois anos
antes da mencionada visita de Lula à ilha, em 2011 e, ainda, que o
relacionamento entre Cuba e o banco datam da década de 1990, "sem
qualquer episódio de inadimplemento ou atraso nos pagamentos.”
Por último, o Instituto Lula observou
que os jornalistas da Época não deveriam considerar ilícitas as
palestrar realizadas por Lula, como ex-presidente, concedidas para
dezenas de empresas nacionais e internacionais, como a Infoglobo, que
edita o jornal O Globo.
Acompanhe à seguir a nota na íntegra
29/08/2015 18:16
Mais uma vez a revista Época divulga
reportagem ofensiva ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com
afirmações falsas e manipulação criminosa de documentos oficiais.
Avançando em ilações maliciosas e
irresponsáveis, pelas quais seus jornalistas já foram citados em ação
judicial por danos morais movida pelo ex-presidente Lula, a revista
insiste em atribuir ao ex-presidente condutas supostamente ilícitas que
ele jamais adotou ou adotaria.
A matéria deste final de semana
(29/08) é uma combinação de má-fé jornalística com ignorância técnica
(ou ambas) e o único crime que fica patente, após a leitura do texto, é o
vazamento ilegal de documentos do Ministério das Relações Exteriores
que, de acordo com a versão da revista, tiveram o sigilo funcional
transferido ao Ministério Público.
Ao contrário do que sustenta a
matéria, a leitura isenta e correta dos telegramas diplomáticos
reproduzidos (apenas parcialmente, como tem sido hábito de Época) atesta
a conduta rigorosamente correta do ex-presidente Lula em seus contatos
com as autoridades cubanas e com dirigentes empresariais brasileiros.
A presença de um representante
diplomático do Brasil numa reunião do ex-presidente com dirigentes de
empresa brasileira demonstra que nada de ilícito foi ou poderia ter sido
tratado naquele encontro. O mesmo se aplica ao relato, para o citado
diplomata, da conversa de Lula com Raul Castro sobre o financiamento de
exportações brasileiras para Cuba. Só a imaginação doentia que preenche
os vácuos de apuração dos jornalistas de Época pode conceber um suposto
exercício de lobby clandestino com registro em telegramas do Itamaraty.
Os procedimentos comerciais e
financeiros citados nos telegramas diplomáticos são absolutamente
corriqueiros na exportação de serviços, como os jornalistas de Época
deveriam saber, se não por dever de ofício, pelo simples fato de que
trabalham nas Organizações Globo. A TV Globo exporta novelas para Cuba
desde 1982, exporta para a China e exportou para os países de economia
fechada do antigo bloco soviético.
Deveriam saber que, em consequência do
odioso bloqueio comercial imposto pelos Estados Unidos, empresas que
fazem transações com Cuba estão sujeitas a penalidades e restrições pela
legislação dos EUA. Por isso, evitam instituições financeiras sujeitas
ao Office of Foreign Assets Control, que é uma agência do governo dos
EUA e não um “organismo internacional de fiscalização”, como erra a
revista.
Ao contrário do que o texto insinua,
maliciosamente, não há, nos trechos reproduzidos, qualquer menção a
interferência do ex-presidente em decisões do BNDES, pelo simples fato
de que tal interferência jamais existiu nem seria possível, devido aos
procedimentos internos de decisão e aos mecanismos prudenciais adotados
pela instituição.
Os jornalistas da revista Época
deveriam conhecer o rigor de tais procedimentos e mecanismos, pois as
Organizações Globo tiveram um relacionamento societário com o BNDESPar,
subsidiária do BNDES. Em 2002, no governo anterior ao do ex-presidente
Lula, ou seja, no governo do PSDB, este relacionamento se estreitou por
meio de um aporte de capital e outras operações do BNDESPar na empresa
Net Serviços, totalizando R$ 361 milhões (valores de 2001).
Deveriam saber que em maio de 2011,
por ocasião da mencionada visita do ex-presidente a Havana, o
financiamento do BNDES às obras do Porto de Mariel estava aprovado,
havia dois anos, e os desembolsos seguiam o cronograma definido nos
contratos, como é a regra da instituição, que nenhum suposto lobista
poderia alterar.
Em nota emitida neste sábado (29) para
desmentir a revista, o BNDES esclarece, mais uma vez, que “os
financiamentos a exportações de bens e serviços brasileiros para as
obras do Porto de Mariel foram feitos com taxas de juros e garantias
adequadas”, e que os demais contratos mencionados não se realizaram.
Acrescenta que “o relacionamento do BNDES com Cuba foi iniciado ainda no
final da década de 1990, sem qualquer episódio de inadimplemento ou
atraso nos pagamentos.”
Os jornalistas da Época deveriam saber
também que não há nenhum ilícito relacionado às palestras do
ex-presidente Lula contratadas por dezenas de empresas brasileiras e
estrangeiras, entre elas a Infoglobo, que edita o jornal O Globo.
Deveriam, portanto, se abster de insinuar suspeição sobre esta atividade
legal e legítima do ex-presidente.
Tanto em Cuba quanto em todos os
países que visitou desde que deixou a presidência da República, Lula
trabalhou sim, com muito orgulho, no sentido de ampliar mercados para o
Brasil e para as empresas brasileiras, sem receber por isso qualquer
espécie de remuneração ou favor. Lula considera que é obrigação de
qualquer liderança política contribuir para o desenvolvimento de seu
País.
Os jornalistas da Época deveriam saber
que todos os grandes países disputam mercados internacionais para suas
exportações. E que não fosse o firme empenho do governo brasileiro, para
o qual o ex-presidente Lula contribuiu, talvez o estratégico porto de
Mariel fosse construído por uma empresa chinesa, ou os cubanos
estivesses assistindo novelas mexicanas. Neste momento histórico, em que
EUA e Cuba reatam relações e o embargo econômico americano está prestes
a acabar, a revista Época volta no tempo a evocar velhos fantasmas da
Guerra Fria e títulos de livros de espionagem.
Ao falsear a verdade sobre a atuação
do ex-presidente Lula no exterior, os jornalistas da revista Época
tentam criminalizar um serviço prestado por ele ao Brasil. O facciosismo
desse tipo noticiário é patente e desmerece o jornalismo e a
inteligência dos brasileiros. "
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