Reinaldo Del Dotore, Brasil 247
"Há
um projeto de lei tramitando no Senado, em que são propostos certos
incentivos para a repatriação de recursos ilegalmente depositados no
exterior ("RERCT - Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária
de bens não declarados, de origem lícita, mantidos no exterior por
residentes e domiciliados no país"). O projeto prevê anistia para os
crimes de evasão de divisas e de sonegação fiscal para quem optar por
trazer de volta o dinheiro para o Brasil. No projeto há a previsão, além
do pagamento do imposto devido, de uma multa de 35%.
Ontem,
na "sabatina" do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, que foi
reconduzido ao cargo por mais dois anos, diversos senadores interpelaram
o então candidato. A intervenção do senador Ronaldo Caiado foi
esclarecedora. Sem medir o alcance de suas palavras, Caiado questionou
Janot a respeito do projeto de lei da repatriação. Janot esclareceu que,
por se tratar de um projeto, logo, sujeito a alterações (e mesmo a ser
rejeitado), ainda não havia estudado o texto da proposta. Na réplica,
Caiado, inadvertidamente, escancarou o jogo. Pediu encarecidamente a
Janot que a PGR se manifestasse logo a respeito do tema, pois afirmou
estar recebendo muitas consultas por parte dos eleitores dele,
especialmente quanto à confirmação de que a multa tributária seria a
única punição.
Não
poderia ser mais eloquente a sinceridade (ainda que acidental) do
senador Ronaldo Caiado. Nessas poucas palavras, ele nos ensinou que seus
eleitores são brasileiros que desviam recursos para o exterior,
recursos esses oriundos de sonegação fiscal ou de origem ilícita. Este é
um dos senadores mais empenhados em criticar a "corrupção do PT". Nada
mais emblemático, nada mais representativo do que é boa parte da
oposição. Os brasileiros agradecemos pela sinceridade do senador Caiado:
sua intervenção foi extremamente didática."
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