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'Vivemos uma instabilidade política que esta geração nunca viu', diz Rosseto
"Segundo o ministro, o diálogo será a base da ofensiva do governo para recuperar estabilidade e afastar o fantasma do impeachment
O governo Dilma Rousseff aposta em três ações estratégicas para colocar
fim à crise política e afastar de vez o fantasma do impeachment:
estabilizar as relações com o Congresso, estimular o ambiente de
cooperação com governadores e prefeitos e criar mecanismos de diálogo
direto com a sociedade.
Quem afirma é o ministro da Secretaria
Geral da Presidência da República, Miguel Rosseto, para quem o cenário
de instabilidade é real e não pode ser desmerecido, embora ele siga
otimista que o país tem maturidade democrática para superar a crise.
“Nós vivemos uma instabilidade política como esta geração nunca viu”,
afirma.
Rosseto admite a gravidade deste momento político em que
a oposição brasileira está mais “venezuelana” e “aventureira” do que
nunca. “É uma oposição que não se contenta mais em criticar o governo:
quer impedi-lo de governar”, alerta.
Ele, entretanto, projeta
perspectivas futuras positivas, tanto em relação à economia quanto à
política “A economia brasileira é grande, diversificada, uma das maiores
do mundo. Por isso, o país vai superar a crise econômica. Da mesma
forma, nossas instituições políticas são sólidas e democráticas. O que a
sociedade vai produzir ao longo desses meses é um empurrão ao
equilíbrio e às normas jurídicas”, afirma.
Para o ministro, a
tese de impeachment está derrotada e só sobrevive no discurso de alguns
poucos irresponsáveis. “Esta é uma tese derrotada do ponto de vista
político, além de socialmente descabida. Não há nada que a sustente”,
avalia.
Rosseto reconhece, no entanto, que o momento inspira
cuidados e a crise política ainda pode se aprofundar nos próximos meses.
Colaboram para este cenário, segundo ele, a manifestação de rua marcada
para o próximo dia 16, que reivindica o impeachment da presidenta,
além, é claro, dos possíveis desdobramentos da Operação Lava Jato.
O
ministro elenca ainda entre os desafios a serem enfrentados a superação
do problema da prestação de contas do primeiro mandato de Dilma, que
deve ser julgado nos próximos dias pelo Tribunal de Contas da União
(TCU).
De acordo com ele, as chamadas “pedaladas fiscais”, que
os opositores usam para sustentar a tese de impeachment, são operações
contábeis utilizadas pelos sucessivos governos desde 1991, e
sistematicamente aprovadas pelo próprio TCU. “Nós estamos muito seguros
da qualidade dos argumentos que apresentamos ao TCU. O que fizemos é
feito desde 1991 e homologado pelo tribunal”, justificou.
Rosseto
garante também que o governo não tem o que temer com o julgamento das
contas de campanha da presidenta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo ele, a prestação de contas da campanha não dará nenhum motivo
para problema. “Acredito no que o ministro Dias Toffolli [presidente do
TSE] já disse logo após as eleições: não haverá 3º turno”, observou.
O diálogo como estratégia
As
três ações estratégicas elencadas pelo ministro para tentar conter a
crise política têm como base a melhoria da capacidade do governo de
dialogar com os diferentes públicos. Por isso a presidenta Dilma lançou
na terça (28) a plataforma digital Dialoga Brasil, destinada a ouvir a
opinião da população sobre os programas de governo.
Para
Rosseto, a iniciativa corajosa da presidente de colocar seus programas
de governo para apreciação pública em um momento de crise deverá
favorecer o diálogo com o cidadão desvinculado de movimentos
organizados, mas também reaproximar governo e entidades da sociedade
civil organizadas que se distanciaram do governo por oposição,
principalmente, ao pacote de ajuste fiscal.
“Não houve ruptura
política entre essa vanguarda social e o nosso projeto. Houve
distanciamento, mas não ruptura. E esse é um valor estratégico que temos
que valorizar”, justificou.
O ministro também ressaltou a
tentativa de aprofundamento do diálogo com governadores e prefeitos como
imprescindível para a retomada da estabilidade. De acordo com ele, uma
reunião entre a presidenta e os governadores já está agendada para esta
quinta (30), com o objetivo de promover um ambiente de maior cooperação
política entre eles. Outras serão agendadas com os prefeitos.
A
ação mais emblemática é a que visa promover maior estabilidade no
parlamento que, pelo menos até segunda ordem, continua com Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), inimigo confesso do Planalto, a liderar a Câmara dos
Deputados em um período em que abundam as chamadas “pautas bombas”.
“Não
é razoável que o Congresso continue a aprovar projetos que estourem as
contas do governo como ocorreu neste semestre”, observa ele, em
referência à aprovação das matérias legislativas que garantiram a
mudança no fator previdenciário, o fim da cobrança de PIS/Cofins do
Diesel e o reajuste para os servidores do judiciário.
“O governo
entende que tem que buscar uma maior estabilidade congressual e, por
isso, vamos dialogar, principalmente, com os partidos que compõem nossa
base. Vamos ouvi-los mais”, garante."
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