"Nenhum Papa descreveu a natureza e os efeitos do capitalismo como uma “ditadura sutil”
Paulo Henrique Amorim, Conversa Afiada
Para o amigo navegante do Conversa Afiada, isso não é nenhuma novidade: o Stedile já nos tinha dito que o Papa argentino é peronista.
Logo, populista – essa palavra que os neolibeles criminalizaram – , trabalhista, brizolista e petista, por extensao.
O Papa está “do lado de cá”, na clássica definição do mestre Fernando Lyra, para quem o importante é o rumo.
Do “lado de lá”, instalados na Casa Grande, estavam os anti-comunistas militantes, quase-nazistas (Bento VI foi da Adolescência Nazista, em Munique) que o precederam.
A Casa Grande brasileira está entre perplexa e furiosa com o Papa Francisco.
Não ousa chama-lo de “bolivariano”, mas não o convidaria para celebrar uma missa na capelinha nos fundos da Casa, ao lado da senzala.
O Conversa Afiada aguarda ansioso uma critica do professor Yves Gandra Martins – o do impitim - e do Governador Alckmin, ambos militantes da Opus Dei, sobre o discurso do Papa aos Movimentos Sociais, em Santa Cruz de la Sierra, Bolivia.
Não há descrição mais contundente, nas palavras de um Papa, da natureza e dos efeitos desse capitalismo selvagem que se pratica na América Latina.
Esse capitalismo que ele chama de “ditadura sutil”, e se concretiza com o monopólio dos meios de comunicação de massa, o PiG
Ele proclama, tres vezes, a necessidade de a Economia atender aos “Tres Ts”: terra, teto e trabalho.
No PiG brasileiro, que ainda não entendeu o Papa, quem entendeu foi a Economist, essa revista de banqueiros, por banqueiros para banqueiros.
É uma espécie de piauí (piauí, com caixa baixa, assim mesmo, depreciativamente…) desenvolvida.
A Economist faz, uma vez por semana, o que o Financial Times, todo dia faz: defender os bancos.
Por isso, na Inglaterra, o ansioso blogueiro prefere The Guardian http://www.theguardian.com/business/live/2015/jul/12/greek-debt-crisis-eu-leaders-meeting-cancelled-no-deal-live
O Estadão, em estado comatoso, fez um acordo com a Economist e publica paginas e paginas da Economist para suprir sua (do Estadão) enfermiça carência de repórteres e mão de obra qualificada.
(Nada que se compare à forma de a Fel-lha “cubrir” os acontecimentos.)
Nesse domingo, está Economist, que entendeu tudo !
Desde o titulo:
“Papa peronista visita a América hispânica”
Segundo a revista para banqueiros e de banqueiros, o Papa prega numa linha muito próxima à Teologia da Libertação, sem ser marxista.
(A Teologia também não era …)
A Economist não se esquece que o Papa beatificou um mártir esquerdista, o salvadorenho Óscar Romero.
As criticas do Papa ao capitalismo – diz a Economist aos leitores banqueiros – se coadunam com “o peronismo, o movimento político argentino, de carater nacionalista e populista, de que no passado foi muito próximo.”
A Economist lembra o papel central do Papa Francisco I na reaproximação de Cuba aos Estados Unidos.
Que antes de ir aos Estados Unidos em setembro, o Papa vai a Cuba, o que irritará – que bom ! – os Republicanos americanos, prevê a revista.
(Observe-se, também, amigo navegante, que o próprio Episcopado americano – de Direita, na maioria – recebeu a Encíclica Laudate Si’ com descaso e desdém – por trás dos panos, onde muitos padres americanos abusaram de menores.)
A Economist, muito atenta aos movimentos peronistas, registra que o Papa já se encontrou cinco vezes com a peronista Cristina Kirchner.
O leitor brasileiro deve a uma revista inglesa essa analise bem feita – ainda que da perspectiva dos banqueiros – do que significou a revolucionária visita do Papa à América hispânica.
Porque, se dependesse do professor Yves Gandra …"
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