Fernando Brito, Tijolaço
"Imperdível, como texto, exemplo e lição, a renúncia pública do Ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, publicada em seu blog,que reproduzo aqui com a tradução do pessoal da Vila Vudu, publicado pelo RedeCastorPhoto.
Altivez sem arrogância, desapego ao cargo sem servilismo, disciplina em relação à necessidade coletiva sem vassalagem.
Numa palavra: caráter e compromisso com seu país, saindo para facilitar uma solução, sem esconder a origem e a natureza das pressões.
Os “negociadores” europeus, além da recusa do povo grego, receberam o tapa moral que Varoufakis foi capaz de dar, sem reação possível.
Com uma frase daquelas que não ficar eternamente em sua biografia: ” a ira dos credores é trunfo que ostento com orgulho”.
Uma bela aula do que é possível fazer diante das dificuldades aparentemente intransponíveis, pelo merece a homenagem do vídeo que posto ao final, onde o Zorba (Anthony Quinn) ensina ao inglês Basil (Basil, sem o erre…) da dançar o Sirtaki como os gregos sem se acovardarem ou perderem a alefria frente aos problemas, com a linda música de Mikis Teodorakis, o compositor que, sempre um militante de esquerda, apoiou o “não” dado pelos seus compatriotas gregos
Ministro, não mais!
Yanis Varoufakis
O referendum de 5 de julho de 2015 ficará na história
como momento raro, quando uma pequena nação europeia levantou-se contra
a servidão da dívida.
Como todas as lutas por direitos democráticos, também
essa rejeição histórica ao ultimatum que o Eurogrupo nos fez dia 25 de
junho de 2015 arrasta com ela uma etiqueta de alto preço. É pois
essencial que o grande capital político que foi outorgado ao nosso
governo pela esplêndida votação que o NÃO recebeu seja imediatamente
investido num SIM às correspondentes coragem e decisão – para um acordo
que envolva reestruturação da dívida, menos austeridade, redistribuição a
favor dos mais necessitados e reformas reais.
Imediatamente depois do anúncio dos resultados do
referendum, fui informado de uma preferência, de alguns participantes do
Eurogrupo e de variados ‘’parceiros’’, que apreciariam minha…
‘’ausência’’ de futuras reuniões; ideia que o Primeiro-Ministro
considerou potencialmente útil para que ele alcance algum acordo. Por
essa razão, estou deixando o Ministério das Finanças hoje (6/7/2015).
Considero meu dever ajudar Alexis Tsipras a explorar,
como melhor lhe pareça, o capital que o povo grego nos assegurou,
mediante o referendum de ontem.
E a ira dos credores é trunfo que ostento com orgulho.
Nós da Esquerda sabemos como atuar coletivamente, sem
interesse pelos privilégios do poder. Apoiarei firme e integralmente o
Primeiro-Ministro Tsipras, o novo Ministro das Finanças e o nosso
governo.
O esforço sobre-humano para honrar o bravo povo da
Grécia e o famoso OXI (NÃO) que os gregos avalizaram para todos os
democratas em todo o mundo, está só começando."
Comentários