Cunha diz que fica na Câmara mesmo denunciado


"Prestes a ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, descarta possibilidade de se afastar do cargo mesmo se for encaminhado à Justiça por envolvimento na Operação Lava Jato; "A eventual denúncia, se ocorrer, terá de ser apreciada pelo plenário do STF. Não cogito qualquer afastamento"; o Planalto tem esperança de que a denúncia seja feita de fato ao STF, para frear o peemedebista, que desde que foi eleito para o cargo, em fevereiro último, tem articulado derrotas significantes para o governo na Câmara

Brasil 247

Prestes a ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), descarta possibilidade de se afastar do cargo mesmo se for encaminhado à Justiça por envolvimento na Operação Lava Jato. "A eventual denúncia, se ocorrer, terá de ser apreciada pelo plenário do STF. Não cogito qualquer afastamento", disse Cunha em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.

O consultor da Toyo Setal e delator, Júlio Camargo, disse ao juiz Sérgio Moro (condutor das investigações decorrentes da Lava Jato) que o presidente da Câmara pediu propina de US$ 5 milhões em um contrato de sonda da Petrobras.

Camargo também fez a acusação ao procurador geral da República, Rodrigo Janot, que deve encaminhar a denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Por ser presidente da Câmara, as denúncias contra Eduardo Cunha terão de ser analisadas pelos 11 ministros do Supremo.

O Planalto tem esperança de que a denúncia seja feita de fato ao STF, para frear Cunha, que desde que foi eleito para o cargo, em fevereiro último, tem articulado derrotas significantes para o governo na Câmara.

Mas já rompido com o Planalto, Eduardo Cunha ironiza a aposta contra sua queda. "Se o Planalto tivesse força para fazer alguém, o presidente teria sido Arlindo Chinaglia e não eu." Chinaglia (PT-SP) era o candidato do governo e foi derrotado pelo peemedebista.

Conterrâneo e aliado de primeira hora de Cunha, o líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), disse em nota que o partido "não aceitará especulações que visem a enfraquecer a autoridade institucional" do presidente da Casa.

Do lado da presidente Dilma Rousseff, seu núcleo político veem a movimentação de Cunha com cautela, porque acreditam que ele usará o recesso parlamentar de julho para buscar apoio. A avaliação é que o efeito prático do rompimento de Cunha com o governo só poderá ser medido após o recesso, quando voltar a haver votação de matérias do governo em plenário.

Durante o recesso, o comando do governo vai seguir estratégia de buscar fortalecer o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tinha adotado postura mais agressiva com o governo, mas que, agora, espera o governo, pode voltar a ser um importante e poderoso aliado."

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