Saíram da cripta


"Serra não seguiu à risca a conduta dos verdadeiros vampiros, de que o terror não passa de uma forma codificada de humor, e que para ser autêntico é preciso usar do encantamento. Ele expôs à luz sua sede

Redação, RBA

O senador José Serra (PSDB) – derrotado nas eleições presidenciais de 2002 e 2010 – entrou para o cartum político como um vampiro brasileiro por ter seu nome envolvido, quando ministro da Saúde, em denúncias do escândalo dos sanguessugas, também chamada de máfia das ambulâncias, que desviava de recursos que deveriam tratar da saúde do povo brasileiro. Um escândalo cuja apuração deu em nada e seguiu o padrão do conjunto da obra durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

Contribuiu também para dar autenticidade a essa imagem o costume de trocar a noite pelo dia e se apresentar com profundas olheiras, para a alegria dos cartunistas. Agora, no ambiente do impacto da Petrobras nos destinos do Brasil, Serra sai mais uma vez da cripta e vem confirmar o que personalidades, entidades, movimentos sindicais e sociais denunciam: de que, muito além das apurações da Operação Lava Jato, estão os aproveitadores de sempre que jogam no quanto pior, melhor, para tentar mudar a partilha da exploração do pré-sal e criar condições para a privatização da empresa.

Afoito e sedento, o senador revelou em entrevista sua intenção de mudar tudo na petroleira e entregá-la às grandes corporações mundiais. Serra não seguiu à risca o comportamento dos verdadeiros vampiros, de que o terror não passa de uma forma codificada de humor, e que para ser autêntico é preciso usar da sedução e do encantamento para fincar seus caninos na vítima.

Ele, porém, expôs à luz a sua sede. Assim como seu colega de bancada, Aloysio Nunes, ao apresentar no Senado projeto que acaba com o regime de partilha, que assegura no mínimo 30% do que for extraído do pré-sal.

Para enfrentar essa modalidade de vampirismo, o governo Dilma e os movimentos que a apoiaram, em nome da democracia e dos avanços sociais e econômicos já conquistados, vão precisar muito mais do que alho e crucifixo.
Para defender as conquistas dos últimos 12 anos e em busca de novos avanços, terão de sair ao sol, às ruas e falar alto e claro para se fazer entender. Dilma ajudará, se convencer os movimentos sociais de sua disposição de cumprir, com unhas e dentes, o programa vencedor das eleições."

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