Luis Nassif, GGN
"Fim de governo, FHC sai com os mais
baixos índices de popularidade da história. Tornou-se o saco
preferencial de pancadas. Defendê-lo era tarefa inglória, mesmo para os
seguidores mais empedernidos.
Viaja a Paris e um colega da Folha solta o boato de que tinha adquirido um apartamento na avenida Foch.
Apesar de ter sido um crítico
permanente de sua falta de dimensão pública, saí em sua defesa, sabendo
que o apartamento em questão pertencia à família do ex-governador Abreu
Sodré, sogro de Jovelino Mineiro, parceiro e sócio de FHC em alguns
negócios.
A defesa quase resultou em uma briga com este meu colega de Conselho Editorial da Folha, que divulgara o boato.
Tempos depois fui alvo de uma campanha
difamatória da revista Veja, bancada por Daniel Dantas, estreitamente
ligado a FHC. Surpreso com a virulência dos ataques, telefonei a FHC, na
esperança que jogasse um mínimo de bom senso na cabeça infame de
Roberto Civita.
Sua reação confirmou tudo o que sabia de seu caráter fraco. Esquivou-se alegando que conhecia apenas Eurípides Alcântara.
A campanha infame prosseguiu através do blog de Reinaldo Azevedo, atacando minha honra, minha família, de uma maneira vil.
Tempos depois entendi o que um
assessor do ex-senador ACM me disse certa vez, para justificar o ódio
que ele tinha de FHC: "Ele fala uma coisa pela frente. A gente vira as
costas e ele está falando outra e semeando intriga".
Fico sabendo que FHC foi o principal
estimulador da mudança da linha da revista República, criada pelo Luiz
Carlos Mendonça de Barros para tentar ventilar um novo programa para o
PSDB. De defensora de um novo desenvolvimentismo tornou-se um esgoto a
céu aberto, emulando Veja nos ataques indiscriminados a adversários.
Quando a revista entrou em crise, FHC
convidou cinco presidentes dos maiores grupos econômicos do país - Itau,
Santander, Camargo Correia, Andrade e Gutierrez - para bancar a
revista. O encontro foi na casa de Andrea Matarazzo, no Morumbi.
Dada a palavra ao novo redator-chefe,
seu discurso radical espantou de pronto os candidatos a patrocinadores.
Apenas a Camargo Correia ousou, valendo-se de seu caixa 2 para não
deixar rastro. Mas o aval de FHC foi essencial para que o estilo esgoto
passasse a ser o discurso padrão do PSDB.
Recentemente, dois funcionários do
Instituto Fernando Henrique Cardoso foram processados por espalhar
boatos contra Lula. Não eram meros blogueiros pagos, mas pessoas da sua
estrita confiança.
Ao se indignar com ataques que vem
sofrendo da blogosfera, levantando novamente o boato do apartamento em
Paris, FHC confirma dois dados objetivos: não tem apartamento em Paris; e
também não tem caráter.
Que desminta os boatos. Mas demonstrar indignação é hipocrisia."
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