Cunhada de Vaccari entrega documentos que explicam dinheiro recebido do PT


Jornal GGN 

Marice Corrêa, cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, apresentou esta semana à Justiça Federal dois documentos que comprovariam a origem dos R$ 240 mil que entraram em sua conta, em 2011, e foram usados na compra de um apartamento, no litoral paulista. Segundo Marice, o dinheiro é fruto de uma indenização paga pelo partido por seu nome ter sido associado ao escândalo do Mensalão, de 2005. As autoridades da Operação Lava Jato, entretanto, suspeitam que a operação de compra e venda do imóvel é lavagem de dinheiro.

Para o Ministério Público, Marice ajudou a ocultar o patrimônio de Vaccari. O caso extrapolaria os limites da Lava Jato (que investiga os crimes ocorridos na Petrobras entre 2004 e 2014) ao se relacionar com outro escândalo que orbita membros do PT, o caso Bancoop, em que o ex-tesoureiro é réu num rombo de R$ 100 milhões.

Um dos documentos, divulgado pelo Estadão nesta quinta-feira (7), é a cópia de um “Termo de Acordo Indenizatório”, assinado por Marice e pelo advogado e ex-deputado federal do PT Luiz Eduardo Greenhalgh, em fevereiro de 2011. O ofício relata o acordo para pagamento de R$ 240 mil à Marice "a título de indenização por danos morais e materiais e pela ruptura do contrato trabalhista e de prestação de serviços”.

"Os repasses deveriam ser feitos na conta bancária de Marice em uma parcela inicial de R$ 40 mil, a ser paga pelo escritório de Greenhalgh, e outras dez parcelas mensais de R$ 20 mil depositadas na última semana de cada mês na conta da cunhada de Vaccari", explicou o jornal, que destacou que o documento não tem "qualquer registro formal ou timbre". Um dos itens estabelece a renúncia de ambas as partes em levar qualquer temos do acordo à Justiça.

A cunhada de Vaccari declarou em seu Imposto de Renda que os R$ 240 mil tinham como origem “rendimento não tributável no item indenizações por rescisão de contrato de trabalho, PDV, acidente de trabalho ou FGTS”. Depois, a Caixa Econômica Federal mostrou que Marice “adquiriu dois contratos de empréstimo junto à instituição financeira, não mencionando nenhuma movimentação financeira na conta de FGTS” vinculada a ela.

Marice foi presa preventinamente pela Polícia Federal por alguns dias, ocasião em que foi questionada sobre "as aparentes contradições identificadas pela Receita Federal e confirmou que o dinheiro tinha como origem um acordo extraoficial com o PT, intermediado por Greenhalgh". Ela, então, se comprometeu a entregar os documentos para comprovar o acordo verbal com o partido.

O segundo documento apresentado por Marice é assinado por Vaccari, então tesoureiro, em papel timbrado do PT. Nele, Vaccari disse que estava sendo insistentemente procurado por Marice e pediu que o acerto fosse feito, para evitar que o caso relacionado ao Mensalão causasse mais danos ao PT na Justiça ou no atrapalhasse o desempenho da legenda no processo eleitoral.

“Me parece que o mais aconselhável é pedir a sua intervenção no caso, como advogado, para iniciar diálogo e chegar a um acordo, a fim de se evitar qualquer tipo de ação reparatória, de natureza civil ou trabalhista, contra o Partido, especialmente que reflita no processo eleitoral”, registra a carta.

"O documento, apesar de estar em papel timbrado comum do PT, não tem registro interno do partido com numeração, nem validação formal em cartório. Nele, Vaccari explica que a ex-funcionária trabalhou na coordenação administrativa do PT entre fevereiro de 2003 e dezembro de 2005", pontuou o Estadão.
 
Investigação

Além da origem do dinheiro, a venda do apartamento também é investigada. Isso porque o imóvel declarado por R$ 220 mil foi vendido por Marice, um ano depois, à OAS, por R$ 432 mil. A empresa é uma das acusadas de cartel e corrupção na Petrobras. Em 2014, o imóvel foi vendido por R$ 337 mil. Marice nega irregularidades na transação e sustenta que seu patrimônio é legal.

Greenhalgh não tem se pronunciado sobre o caso. O PT também não se pronunciou oficialmente sobre o pagamento à Marice."

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