Bancos nem têm coragem de chiar


"Ao contrário das empresas produtivas, os bancos tiveram grandes lucros no primeiro trimestre

Tereza Cruvinel, Blog: Tereza Cruvinel 

Finalmente os bancos levam um pequeno beliscão e vão contribuir com o ajuste fiscal que até agora penalizou apenas os trabalhadores e as empresas produtivas. Com a elevação de 15% para 20% a Contribuição sobre o Lucro Líquido, medida publicada hoje pelo Governo, o setor bancário como um todo contribuirá com algo em torno de R$ 4 bilhões.

Com as restrições que afetam os trabalhadores o governo pretendeu uma economia de R$ 18 bilhões mas as mudanças impostas pela Câmara já causaram uma redução de seis a oito bilhões de reais nesta projeção.

Com a medida ainda não votada que reduz o alívio na folha de pagamento, concedido a 56 setores econômicos no primeiro governo Dilma, os cinco bilhões de reais pretendidos devem cair para quatro.

O grosso do ajuste virá com os corte orçamentário de R$ 69 bilhões.

De modo que a taxação dos bancos é um beliscão. Tanto que até agora não tossiram nem mugiram. Como reclamar se ganharam tanto só neste primeiro trimestre de um ano tão duro? Num período de grandes quedas nas bolsas, registros de prejuízos, redução da produção e pedidos de recuperação judicial, especialmente entre empreiteiras atingidas pela Operação Lava Jato, os bancos conseguiram repassar o aumento dos juros para os tomadores de empréstimos e com isso tiveram grandes lucros no primeiro trimestre. Vamos aos números.

Os ganhos das 25 maiores empresas do setor financeiro somaram R$ 17,7 bilhões de janeiro a março, um crescimento de 42,8% frente ao ganho de R$ 12,4 bilhões nos mesmos meses do ano passado, segundo balanços divulgados na semana passada. O maior deles, o Itaú, lucrou R$ 5,733 bilhões no trimestre –26,8% mais do que no mesmo período de 2014. Bradesco e Santander tiveram ganhos de R$ 4,244 bilhões e de R$ 684 milhões, respectivamente, resultados 23,3% e 32% superiores ao registrado no mesmo período do ano passado.

No Itaú, os empréstimos aos consumidores e empresas trouxeram um ganho de R$ 14,092 bilhões de janeiro a março –27,8% mais do que no mesmo período de 2014. O Bradesco também elevou em 13,2% os ganhos com os empréstimos, que subiram de R$ 9,048 bilhões para R$ 10,242 bilhões em relação ao primeiro trimestre de 2014. O Banco do Brasil também anunciou, dia 14, que teve lucro líquido de R$ 5,818 bilhões no primeiro trimestre, 117,3% maior que o obtido no período em 2014. Então, finalmente o verdadeiro “andar de cima” entra com alguma contribuição. Resta saber se ela contenta os críticos do ajuste, especialmente os senadores da base aliada, entre os quais os petistas Lindbergh Farias e Paulo Paim, que juntamente com outros oito senadores de esquerda aliados, anunciaram que votarão contra o ajuste e até pediram a cabeça do ministro Levy, levando a presidente Dilma a dizer que ele tem a confiança dela e fica no governo. Os senadores também não se manifestaram até agora."

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