Podemos: radiografia de um desafio à velha política


"Um partido-movimento pós-capitalista sacode a Europa. Que ideias o inspiram. Como se comunica e organiza. Quais suas contradições. Que fará se chegar ao governo

Por Gilles Tremlett, no The Guardian | Tradução: Inês Castilho / Outras Palavras

No início do ano acadêmico de 2008, Pablo Iglesias, um professor de 29 anos com um piercing na sobrancelha e um rabo de cavalo, cumprimentou seus alunos na faculdade de Ciências Políticas da Universidade Complutense, em Madri, convidando-os a se manter em suas cadeiras. A ideia era reencenar uma cena do filme Sociedade dos Poetas Mortos. A mensagem de Iglesias era simples. Seus alunos estavam ali para estudar o poder, e os poderosos podem ser contestados. Essa manobra era típica dele. Política, pensava Iglesias, não era algo a ser apenas estudado. Era alguma coisa que ou você fazia, ou deixava os outros fazerem por você. Como professor, ele era esperto, hiperativo e – fundador de uma organização universitária denominada Contra-Poder – ligeiro no apoio a protestos dos estudantes. Não cabia no perfil clássico de intelectual doutrinário da esquerda espanhola liderada pelos comunistas. Mas tinha clareza sobre quem culpar pelas enfermidades do mundo: o capitalismo irrestrito, globalizado que, na esteira de Ronald Reagan e Margaret Thatcher, havia se instalado como ideologia dominante do mundo desenvolvido.

Iglesias e alunos, ex-alunos e acadêmicos da faculdade deram duro pra espalhar suas ideias. Produziram shows políticos de televisão e colaboraram com seus heróis latino-americanos – líderes populistas de esquerda tais como Rafael Correa do Equador ou Evo Morales da Bolívia. Mas quando eles lançaram seu próprio partido político, em 17 de janeiro de 2014, e o denominaram Podemos, muitos desacreditaram. Sem dinheiro, estrutura nenhuma e poucas diretrizes concretas, parecia mais um partido anti-“austeridade” raivoso destinado a desaparecer em meses."
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