Os golpistas perderam a vergonha


Miguel do Rosário, Tijolaço 

Às vésperas das marchas do dia 12, a Folha publica uma malandríssima pesquisa em que aponta um suposto apoio da população ao “impeachment” da presidenta Dilma.

Malandríssimo por duas razões: para tentar estimular as manifestações de domingo, e porque a própria pesquisa induz as respostas.

Eles manipulam a opinião pública, depois fazem pesquisas para avalizar o resultado da sua própria manipulação.

É um jogo perfeito. Perfeitamente canalha.

A grande mídia tem escondido a operação Zelotes e o Suiçalão (o último pegou os próprios donos da Folha, os donos da RBS e a viúva de Roberto Marinho), e feito uma cobertura totalmente enviesada da Lava Jato, onde as delações contra o PT viram manchetes garrafais; as contra o PSDB são descaradamente omitidas.

Pior, a pesquisa chega exatamente no momento em que o governo começa a virar o jogo, com a nomeação de Michel Temer para a articulação política do governo e a solução dos problemas da Petrobrás.

O governo Dilma completou 100 dias e, aos trancos e barrancos, vai entrando nos eixos, superando os tropeços políticos do caminho, e iniciando uma agenda positiva.

A mídia, que passou a demitir em massa, está desesperada, e tenta a sua última cartada.

Nelson Rodrigues dizia que os idiotas perderam a modéstia.

Poderíamos parafraseá-lo e afirmar que os golpistas perderam a vergonha.

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Maioria apoia abertura de processo de impeachment, mostra Datafolha

RICARDO MENDONÇA
EDITOR-ADJUNTO DE PODER

Quase dois terços dos brasileiros (63%) afirmam que, considerando tudo o que se sabe até agora a respeito da Operação Lava Jato, deveria ser aberto um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

O desconhecimento a respeito do que aconteceria depois disso, porém, é grande.

No grupo dos que defendem a abertura de um processo que, no fim, poderia resultar na cassação da petista, só 37% sabem que o cargo de presidente ficaria com o vice. Quando instados a mencionar o nome do vice, metade desse subgrupo erra.

Conclusão: só 12% dos eleitores brasileiros são a favor de um processo de impeachment contra Dilma, estão conscientes de que o vice assumiria o cargo e sabem que o vice é Michel Temer (PMDB).

As conclusões são de pesquisa Datafolha finalizada na sexta-feira (10), dois dias antes das manifestações programadas contra a presidente para este domingo. O instituto ouviu 2.834 pessoas. A margem de erro é de dois pontos.

Dilma não é investigada pela Operação Lava Jato, que descobriu a existência de um vasto esquema de corrupção na Petrobras, mas o Ministério Público Federal afirma que parte da propina paga pelas empresas que participaram do esquema foi repassada na forma de doações ao PT.

Embora o maior grupo da população apoie a abertura do processo de impeachment –posição que nenhum partido relevante defende explicitamente até agora–, a maioria (64%) não acredita no afastamento de Dilma. Menos de um terço (29%) acham que a presidente seria afastada.

O apoio aos protestos contra a presidente é alto (75%), assim como a taxa de eleitores que associam Dilma ao escândalo de corrupção na Petrobras, objeto da investigação da Operação Lava Jato.

Para 57%, Dilma sabia da corrupção na estatal e deixou acontecer. Outros 26% opinam que ela sabia, mas nada poderia fazer para impedir.

A pesquisa mostra também que a Lava Jato pode estar alterando a percepção dos brasileiros a respeito dos problemas do país. Pela primeira vez, o tema corrupção aparece empatado com saúde na liderança do ranking de maiores preocupações. Para 23%, o maior problema é a saúde. Para 22%, corrupção.

O instituto apurou um empate também –este no limite da margem de erro– ao simular uma nova eleição presidencial. Se Dilma fosse cassada e novas eleições fossem convocadas hoje, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) alcançaria 33% das intenções de voto contra 29% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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