O editorial da Folha sobre o “mensalão tucano”: a vacina marqueteira da parcialidade


Fernando Brito, Tijolaço 

"Paulo Nogueira,  no Diário do Centro do Mundo, já escreveu sobre o cínico editorial de hoje da Folha, em que o jornal “reclama”  da “prescrição, atrasos, incúria e engavetamento beneficiam políticos do PSDB acusados de irregularidades, inclusive no dito mensalão tucano”.

Dispenso-me, por isso, de escrever sobre o tema.

Com todos os recursos que tem, o jornal ficou calado durante todo o ano de paralisia do processo em Minas Gerais , sem o que não haveria hoje o risco de o caso acabar-se não em pizza, mas em bolo de aniversário de Eduardo Azeredo, decaído do alto tucanato.

Mas não posso me dispensar de reproduzir a análise que faz Nilson Lage, e que me chega pelo Facebook, do comportamento do jornal e de seu sócio e diretor editorial, Otavio Frias Filho.

Curta e cortante.

“Comportamento típico do discurso marqueteiro é estabelecer um ponto de concordância para abrir caminho ao convencimento.

É uma das variantes do que se chama de “vacina”: formalmente, aquilo que vem antes do “mas”.

Como se sabe, as adversativas introduzem a negação de um pressuposto do antecedente.

Quando o vendedor diz “sei que nosso produto é mais caro”, o que se espera depois do “mas” é qualquer coisa que liquide o pressuposto de são preferíveis coisas mais baratas; será algo capaz de sustentar que o produto que vende é “melhor”, “mais durável”, “mais bonito” etc.

No caso desse editorial isolado da Folha, o objetivo da vacina é negar o pressuposto legítimo de que a Folha é um jornal reacionário.

Otávio Frias Filho, o Otavinho, faz questão disso. A imagem que ele criou para a empresa e que o diferenciou do Estadão, desde a década de 1980, é de jornal plural, vinculado a uma elite intelectual a que ele, pessoalmente, adoraria ou julga pertencer.

Ornamentos dessa fantasia de mercado são alguns dos membros de seu conselho editorial e uns poucos colunistas cercados por todos os lados do que há de mais retrógrado e mercantil na mídia brasileira.

O compromisso com o PSDB e outros grupos protofascistas (estranho o destino da “social democracia” brasileira!) antecede o “mas': está mais que evidente na edição do jornal, entregue a gente de caráter dúctil, e, do site da casa, o hegemônico Uol.

É claro que qualquer pequena concessão lhe custa pesadas críticas dos golpistas mais radicais. Talvez se julgue, por isso, herói da imprensa livre.”

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