PT designa Pimenta e Prascidelli para coordenar investigação sobre HSBC

Pimenta e Prascidelli consideram que autoridades já detêm documentos em mãos para apurar responsabilidades
"Deputados fazem contatos com vários órgãos e aguardam definição sobre comissão legislativa que possa investigar o caso na Suíça. Esquema envolve abertura de contas secretas em escândalo de sonegação

Hylda Cavalcanti, RBA

A bancada do PT na Câmara dos deputados designou ontem (23) Paulo Pimenta (RS) e Valmir Prascidelli (SP) como os parlamentares encarregados da investigação feita pelo partido para contribuir com a apuração do caso envolvendo a abertura de contas secretas irregulares de brasileiros pelo HSBC na Suíça. Durante reunião de mais de três horas, o partido também definiu um estreitamento de contatos para acompanhar as apurações que estão sendo feitas em relação aos titulares dessas contas junto ao Banco Central e Receita Federal, entre outros órgãos.

De acordo com Paulo Pimenta, a legenda considera importante saber se os nomes já divulgados na lista do HSBC também não estariam sendo utilizados para facilitar a abertura de outras contas secretas na Suíça. Já Prascidelli enviou na sexta-feira (20) ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), requerimento solicitando a formação de uma comissão externa do Legislativo para investigar o caso, que trata de escândalo de evasão fiscal envolvendo o banco – em episódio conhecido como SwissLeaks.

'Joio e trigo'

“As autoridades brasileiras já detêm documentos em mãos para apurar responsabilidades e separar o joio do trigo. Portanto, é obrigação da Câmara dos Deputados integrar essa força mundial no sentido de mostrar as trapaças da filial do Banco HSBC na Suíça, que, em conluio com criminosos do mundo todo, sonegam, burlam e usam de suas fortunas para manter a pobreza, a guerra e o tráfico”, afirmou Prascidelli.

A proposta do deputado é que a comissão seja formada por 17 deputados e que, em um prazo de 60 dias após sua criação, já possa apresentar um relatório sobre o caso, com sugestões de medidas para recuperar os valores que tenham sido desviados. Para isso, o grupo realizará diligências, incluindo viagens internacionais, audiências e conferências, além de consolidar informações sobre as investigações provenientes de fontes como o Conselho de Atividades de Controle Financeiro (Coaf), Banco Central, Receita Federal, Polícia Federal, Controladoria Geral da União e Ministério Público Federal.

De acordo com Prascidelli, os parlamentos português e europeu já adotam medidas semelhantes. “A comissão vai realizar o trabalho de apuração de forma republicana e fazer sua divulgação de forma transparente”, acentuou.

Jornalistas investigativos

As informações sobre as contas irregulares do HSBC foram reveladas a partir de dados divulgados por veículos da imprensa fora do país, por meio do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. Os dados dão conta da existência de uma lista de contas secretas abertas pelo HSBC na Suíça, com fundos não declarados, das quais aproximadamente 8,7 mil pertencem a brasileiros.

São pessoas que sonegam o fisco e que detêm um montante que, se estima, pode chegar perto de US$ 8 bilhões de dólares – ou cerca de R$ 20 bilhões de reais, dentre elas, 11 têm como titulares pessoas envolvidas na Operação Lava Jato. O Brasil é o quarto país em número de clientes em operações na sucursal Suíça do HSBC e o nono na lista em volume de dinheiro movimentado.

Ao falar sobre o assunto, Paulo Pimenta defendeu que o Brasil firme acordos internacionais e com outros órgãos de governo para que possa avançar na investigação, assim já como já tem sido observado em outros países. Pimenta destacou, em entrevista concedida na última semana à RBA, que considera este o maior escândalo de corrupção do mundo e pede apuração detalhada."

Comentários