Luis Nassif, GGN
"Nos anos 2.000, a Folha cometeu o maior erro estratégico da sua história moderna, indo a reboque da revista Veja. Não apenas ela, mas os demais veículos.
Dias desses cruzei com o diretor de redação de uma grande publicação, ferozmente anti-governo. Sem que o provocasse, comentou comigo que Veja não faz jornalismo.
Ou seja, mesmo na frente-mídia
montada em 2005, o jornalismo de Veja é motivo de vergonha, a maneira
como ideologizam qualquer besteira, o fato de não ter a menor
preocupação em se ater aos fatos.
Ou seja, o padrão
Veja ajudou a desmoralizar o jornalismo como um todo, lançou ao
descrédito todos os grupos de mídia. É só conferir o desafio gigantesco
da Folha para recuperar a imagem perdida, tendo que "explicar" aos
leitores qual sua posição e qual a dos colunistas.
Aliás, a posição de um jornal não é o que sai nos editoriais (de baixa leitura) mas na cobertura diária.
A repercussão
dada ao factoide da Veja desta semana - tratando como escândalo o
suposto conhecimento prévio, pelos convocados da CPI da Petrobras, das
perguntas que seriam formuladas, beira o ridículo. Escândalo é continuar
se valendo de instrumentos de espionagem, mantendo o padrão que, na
Inglaterra, levou jornalistas à prisão, e por aqui continua sendo
totalmente tolerado.
Ontem um amigo me ligou dizendo que o Jornal Nacional dedicou quase dez minutos de cobertura. O efeito-manada faz com que Estadão e Folha vão atrás.
Não
adianta. Mesmo com o Instituto Millenium, com o fórum da ANJ, com os
consultores midiáticos, a mídia padece de uma ausência total de visão
estratégica. Não tem o menor cuidado ao se misturar com a lama."
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