Oposição quer investigar fraude em CPI que boicotou


"PSDB e DEM se negaram, em maio, a indicar representantes para preencher três vagas na CPI da Petrobras aberta no Senado; "Não vamos gastar energia com isso", disse líder do DEM, José Agripino Maia (RN); líder do PSDB, Aloysio Nunes (SP), disse que recusa era decisão política; sessões, esvaziadas, não tiveram perguntas da oposição; ontem, porém, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) entrou com ação contra oito políticos governistas e executivos da estatal após denúncia sobre fraude na CPI; hoje, presidente da CPI, Vital do Rego, deu entrada em pedido à PF para investigar se gabarito foi negociado

Brasil 247

O presidente da CPI da Petrobras do Senado, Vital do Rêgo (PMDB-PB), pediu nesta terça-feira 5 uma investigação à Polícia Federal sobre a suspeita de que representantes da Petrobras receberam com antecedência o "gabarito" com perguntas que seriam feitas na comissão de inquérito. "Eu entreguei ofício para o diretor-geral da Polícia Federal pedindo providências. Precisamos saber se a prova (um vídeo que teria sido mostrado à revista Veja) envolve pessoas do Senado. A PF vai analisar o caso", afirmou Vital.

Em abril e maio, em meio a um impasse sobre a criação de duas CPIs da Petrobras no Congresso, os parlamentares da oposição se recusaram a indicar representantes para as três vagas reservadas ao DEM e ao PSDB na comissão formada para investigar a estatal no Senado. Diante do boicote, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), indicou os últimos nomes que faltavam, membros da oposição, para compor o colegiado, e no dia 14 de maio a CPI foi instalada na Casa.

"Queremos a CPI mista. Não vamos gastar energia com a CPI no Senado", anunciou o líder do DEM, José Agripino (RN), à época. O líder do PSDB, Aloysio Nunes (SP), disse que a recusa em indicar seus três representantes foi uma decisão política. A oposição defendia uma CPI mista, com deputados e senadores, que a seu ver poderia fazer uma investigação mais séria e objetiva.

Nesta segunda-feira 4, em resposta a denúncia da revista Veja de que os depoentes da CPI tiveram acesso prévio ao relatório de perguntas que seriam feitas na sessão, e que alguns deles receberam 'media training', o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) viu crimes e propôs ações contra oito petistas. O tucano, assim como o candidato à Presidência pelo PSDB, senador Aécio Neves, afirma que houve uma "farsa" na conduta da investigação do Congresso.

As sessões, no entanto, tinham espaço para que a oposição fizesse perguntas e investigasse a fundo o processo de compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras, além de outros temas relacionados à empresa. Na sessão em que o ex-diretor da estatal Nestor Cerveró prestou depoimento, em 22 de maio, a sessão estava quase totalmente vazia. O mesmo aconteceu com outros depoentes, em sessões posteriores.

Em resposta à denúncia, a Petrobras afirmou que a empresa preparou, sim, executivos e ex-executivos para seus depoimentos na comissão. "Assim como toda grande corporação, a Petrobras garante apoio a seus executivos, e e
x-executivos, preparando-os, quando necessário, com simulações de perguntas e respostas, para melhor atender aos diferentes públicos, seja em eventos técnicos, audiências públicas, entrevistas com a imprensa, e, no caso em questão, as CPI e CPMI", disse em nota (leia aqui).

Minimizando a reportagem, o colunista Janio de Freitas disse em artigo nesta terça-feira 5 que "perguntas de aliados do depoente, em CPI, jamais, em qualquer lugar e em qualquer país, fugiram a este princípio: destinam-se a ajudar o depoente". No sábado, o blogueiro Miguel do Rosário, do Cafezinho, afirma que "se a oposição tem espaço garantido na CPI, mesmo minoritário, então ela que faça as perguntas que quiser fazer".

Comentários