Luis Nassif, GGN
'O quadro atual do jogo político se dá em cima dos seguintes fatores:
Os
grupos de mídia – que hoje em dia se constituem no mais influente
partido de oposição - continuam apostando fortemente na guerra.
Nenhum
dos três candidatos – Dilma, Aécio e Campos – logrou apresentar um
conjunto de ideias capazes de configurar um programa que atenda às
expectativas de mudança do eleitorado.
Sem plataformas, a eleição se fará em torno da chamada propaganda negativa. E o tom será dado pelos grupos de mídia.
De ambos os lados, será a campanha do “não”.
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O
clima irá se acirrar à medida em que a a candidatura Dilma Rousseff
mostre fragilidade. E Dilma equilibra-se entre dois fatores, um
positivo, outro negativo.
O positivo é a chamada reprecificação.
Quando
um determinado personagem é avaliado negativamente durante um período,
no período seguinte ele se torna “barato”: qualquer ato positivo será
superavaliado. E vice-versa.
A
campanha sistemática negativa contra Dilma paradoxalmente facilitará
sua reavaliação positiva no período eleitoral. Terá tempo à vontade para
mostrar as obras da Copa e o sucesso da organização – desmentindo as
previsões catastrofistas da mídia -, passando por obras do PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento), Brasil Sorridente, Pronatec, dentre
outros.
Os
notórios problemas de gestão que enfrenta dificilmente serão
convertidos em temas de campanha da oposição, devido à dificuldade do
chamado “povão” assimilar esses conceitos.
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Há duas outras frentes mais efetivas de combate da oposição.
A
mais relevante é a tentativa de pregar na testa do PT a marca da
corrupção. Nos últimos anos, houve avanços na luta contra a corrupção,
como a Lei de Transparência, a ação articulada da CGU (Controladoria
Geral da União), Tribunal de Contas, Ministério Público.
Além
de não cuidar de disseminar informações sobre esse processo, Dilma deu
uma ajuda extraordinária à campanha, com a encrenca gratuita que armou
em relação à refinaria de Pasadena.
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A segunda frente é a da Dilma insensível.
De
fato, a falta de experiência política e a ausência de filtros
palacianos levaram Dilma a conquistar – de graça – uma enorme quantidade
de críticos magoados por meros problemas de desatenção.
A
análise do Secretário da Presidência – Gilberto Carvalho – de que a
avaliação negativa está transborando das classes A e B para as demais é
correta – pelo menos no macroambiente de São Paulo.
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Submetida a esse conjunto de fatores, torna-se muito difícil identificar qual será preponderante durante a campanha.
Essas
incertezas certamente levarão os grupos de mídia a se valerem das
mesmas armas das eleições de 2010. Vão aparecer ex-presidiários,
falsários e lobistas de todos os cantos, sendo apresentados como
consultores e empresários da maior seriedade, espalhando denúncias por
todos os poros.
Para
enfrentar o desgaste de imagem, segundo os jornais, há dúvidas na
campanha sobre a linha a ser seguida por Dilma: a Dilma guerreira
chamará os inimigos para a batalha dos fatos e dos números; a Dilma “mãe
do PAC” se comportará como a senhora que não se dispersa enfrentando
adversários e que estará concentrada apenas em prestar contas e
esclarecer acusações.
À
esta altura do campeonato, a pior saída para Dilma seria empunhar elmo e
lança e partir para a guerra. Cresceu quando vítima de grosserias da
torcida; gera resistências, quando se mostra agressiva e
auto-suficiente."
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