"Apesar do bombardeio de más notícias, Dilma Rousseff mantém a vantagem e hoje venceria no primeiro turno
Marcos Coimbra, CartaCapital
Marcos Coimbra, CartaCapital
A nova rodada da pesquisa CartaCapital/Vox
Populi, realizada entre 6 e 8 de abril, revela uma estabilidade na
corrida eleitoral deste ano, o que chega a ser um resultado
extraordinário, dados os acontecimentos das últimas semanas.
A vantagem de Dilma Rousseff, candidata à
reeleição pelo PT, manteve-se a mesma daquela registrada em meados de
fevereiro, quando a rodada passada foi realizada. Naquela oportunidade, a
presidenta obtinha 41% das preferências, em uma lista com os nomes do
tucano Aécio Neves e de Eduardo Campos, do PSB, além de outros cinco
possíveis candidatos de partidos menores.
Ao comparar a pesquisa de fevereiro com
esta de agora, Dilma permaneceu onde estava: registra 40% das
preferências. Aécio variou de 17% para 16% e Campos, de 6% para 8%. Os
demais candidatos somavam 2% e alcançaram 3% na mais recente. Em matéria
de pesquisa de opinião, sabemos, variações como essas são irrelevantes,
o que significa dizer que não houve mudança nas intenções de voto entre
fevereiro e abril.
Não haveria nada de surpreendente se
Dilma Rousseff tivesse perdido alguns pontos, como sugeriu uma pesquisa
do Datafolha recém-divulgada. De acordo com esse instituto, ela
teria caído 6 pontos porcentuais: de 44%, em pesquisa realizada em 19 e
20 de fevereiro, para 38%, no levantamento em 2 e 3 de abril. Seus
principais adversários teriam ficado imóveis. O tucano parado em 16% e o
pernambucano a registrar uma variação dentro da margem de erro, de 9%
para 10%.
A queda da petista no Datafolha decorre,
no entanto, de o instituto ter-lhe atribuído, na pesquisa de fevereiro,
um número mais alto do que o de todos os demais. Em outras palavras,
Dilma caiu na mais recente por estar, na anterior, acima de onde
provavelmente estaria.
Essas são, porém,
questões secundárias. O relevante é o fato de a presidenta ter
atravessado os últimos 40 ou 50 dias fundamentalmente num só patamar e o
mesmo aconteceu com seus adversários, que tampouco se mexeram. Se as
pesquisas disponíveis são boas (e tudo indica que devem ser, pois a
performance dos institutos brasileiros é uma das melhores do mundo), ela
era e continua a ser a destacada favorita. Quanto a seus concorrentes,
tinham e continuam a ter grandes dificuldades para superá-la.
A ausência de mudança é decepcionante para as oposições,
na política, na sociedade e, em especial, entre os “formadores de
opinião”. Pois, se houve uma opinião que quiseram formar (e fomentar) no
período, foi a de rejeição e hostilidade contra Dilma.
Sempre podem fazer mais à medida que a
campanha eleitoral avançar, demonstra a nossa experiência nas últimas
eleições (o “ataque da bolinha de papel”, a foto do “dinheiro dos
aloprados”, os “escândalos” que pipocam na reta final, para lembrar
alguns exemplos). Mas houve, entre fevereiro e abril, disso não há
dúvidas, um “esforço concentrado” de desconstrução do governo e da
presidenta.
A “inflação sem controle”, o apagão
elétrico e hídrico, o “escândalo” da refinaria de Pasadena, o
rebaixamento da nota atribuída à economia brasileira por uma agência de
classificação de risco, os problemas na saúde, educação, segurança e em
todo e qualquer setor e as atividades suspeitas de políticos governistas
foram (e continuam a ser) apresentados ao País como responsabilidade
pessoal de Dilma Rousseff. No mínimo como pecados cometidos por ela em
conluio com o “lulopetismo”.
Assistir a tudo sem perder intenções de
voto é algo que, para Dilma, só pode ser considerado bom. Sua
estabilidade é, ao contrário, uma má notícia para os oponentes.
Particularmente para Campos, que utilizou a propaganda partidária do
PSB, sua última janela de mídia de massa, sem crescer. O programa e as
inserções divididas com Marina Silva não serviram, ao menos até o
momento, para melhorar seu prognóstico. Apenas em agosto o ex-governador
voltará à grade de programação comercial das emissoras. Pergunta: “Com
que tamanho chegará? ”
A queda no voto em candidatos a
presidente que disputam a reeleição não é sinal de derrota iminente.
Nosso primeiro chefe de governo a buscar um segundo mandato, Fernando
Henrique Cardoso, caiu a 31% das preferências em junho de 1998 e ficou
empatado com Lula. Três meses depois, ganhou a disputa no primeiro
turno.
A vitória do tucano, uma liderança antipatizada pela
maioria do eleitorado e ainda obrigado a se explicar pela frase “os
aposentados são vagabundos” e que gerenciava uma economia com
crescimento de irrisórios 0,13% no ano da eleição, sugere como é difícil
derrotar um presidente em exercício.'
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