Campanha por um fusca novo para vítima de protesto ganha força na internet

O fusquinha do serralheiro Itamar Santos foi incendiado por manifestantes contra a Copa do Mundo
Correio do Brasil

A iniciativa lançada, na noite deste domingo, por Theófilo Rodrigues, cientista político e coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, no Rio de Janeiro, de se promover uma campanha de doação para que o serralheiro Itamar Santos, que teve o seu Fusca incendiado por manifestantes contra a realização da Copa do Mundo, em São Paulo, ganha apoio na internet. O movimento #VaiTerFusca, que agora tem uma página em uma rede social, vai divulgar uma conta corrente na qual os internautas poderão deixar qualquer quantia, para que o trabalhador tenha de volta o seu meio de transporte.

A pedido do Barão de Itararé RJ, o blogueiro Eduardo Guimarães tentava, na manhã desta segunda-feira, um contato com Itamar Santos. Guimarães assinalou, em sua página na mesma rede social, pela qual centenas de pessoas já confirmaram que querem dar sua contribuição, que “um fusca 1975 vale o que, uns 5 ou 7 mil? Arrecadamos isso em um dia, com boa divulgação”.

“Cerca de 200 pessoas já se dispuseram – em meu mural – a doar para comprar outro fusca pro serralheiro que teve o seu incendiado pelos black blocs. Se cada uma dessas pessoas doar R$ 30 está resolvido o problema”, anuncia Guimarães, que rechaça com veemência a versão de que o culpado pelo incêndio foi o próprio dono do veículo, que teria avançado sobre uma barricada “por sua conta e risco”.

O objetivo adiante, segundo o blogueiro, é divulgar o número da conta de Itamar Santos e depositar nela as contribuições ou ainda criar uma conta especificamente para isso e entregar a ele o dinheiro em mãos. A ideia ganhou adesão imediata. “Olha que legal. Vamos comprar um novo fusca para o sr. Itamar.. Pode contar comigo!”, escreveu Cidálio Vieira Santos, no Facebook.


O serralheiro Itamar Santos poderá ter
seu carro de volta, com o apoio dos internautas
 Risco de morte

Itamar Santos, em conversa com jornalistas, nesta manhã, lembrou os momentos de terror que passou na noite de sábado, quando voltava da igreja e deu carona para um senhor e duas senhoras, seus amigos. No carro, havia ainda uma menina de 5 anos, que segundo ele, “ficou desesperada, chorou muito e ficou chocada”, assim como sua mãe.

– Eles não queriam nem saber quem estava dentro do carro – declarou.
Itamar lembra com nitidez o momento do incêndio: “à frente, eu vi pessoas com os rostos cobertos e vestidos de preto, colocando fogo em colchão. Os carros passaram pelo canto da pista. Quando foi a minha vez, não me deixaram passar. Eu não sei ao certo se jogaram o colchão no carro, com raiva, ou se o empurraram com o pé, mas ele foi parar na lateral do carro”.

O dono do fusquinha afirma ter ficado “com medo dos responsáveis pelo fogo partirem para cima do carro”. “E acelerei”, diz. O Fusca era o único carro de seu Itamar. “Ele servia para ir para a igreja, passear e carregar meu ferro velho”, conta. Além de perder o automóvel, o serralheiro foi chamado para tirar o que havia sobrado do local, sob risco de ter de pagar multa. E para isso, ainda pagou um guincho.

A pergunta que não quer calar e que desmoraliza todo e qualquer “protesto” realizado contra a Copa que terminou em atos de vandalismo foi feita pelo próprio dono do carro queimado:

– O que eu tenho a ver com a Copa do Mundo? Nem a estádio eu vou – concluiu."

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