“Ao lançar uma agenda com 12 pontos para o
Brasil, o senador Aécio Neves foi mais aplaudido quando se referiu ao programa
Mais Médicos, que foi lançado pela presidente Dilma Rousseff e vem sendo
apoiado pela população; senador disse que o PSDB permitirá o trabalho de
médicos cubanos no país, "mas eles receberão os R$ 10 mil, porque não
financiaremos uma ditadura a partir de um projeto de saúde"; proposta, na
prática, jamais seria aceita pelo governo cubano, que não permite a contratação
direta dos profissionais e também atua para evitar altos índices de
desigualdade social.
Ao lançar uma agenda com 12 pontos para o Brasil, ontem, na Câmara dos Deputados, em Brasília, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), surpreendeu ao defender o programa Mais Médicos, que, antes de ser implantado, provocou grande polêmica nos meios de comunicação, mas, hoje, conta com larga aprovação popular.
“Claro que vamos permitir a permanência dos médicos. Queremos médicos se não tivermos médicos suficientes, mas receberão aqui os 10 mil reais", disse o senador, referindo-se ao modelo de remuneração atual, em que os recursos são repassados pelo governo brasileiro a Havana e, depois, pagos aos médicos. "Não financiaremos uma ditadura através de um projeto de saúde”, disse Aécio, no momento em que foi mais aplaudido por seus aliados.
O problema é que a proposta tornaria o Mais Médicos praticamente inviável, uma vez que o sistema cubano não permite que os médicos exportados sejam remunerados diretamente por quem os contrata. Quem explica é o jornalista Hélio Doyle, especialista no tema e em questões ligadas a Cuba:
"Cuba é um país
socialista e por isso, gostemos ou não, as coisas não funcionam exatamente como
em um país capitalista. Como é um país socialista, há a preocupação de manter
baixos os índices de desigualdade econômica e social. Por isso nenhuma empresa
ou governo estrangeiro contrata trabalhadores cubanos diretamente, em Cuba ou
no exterior (nesse caso quando a contratação é resultado de um acordo entre
estados). Todos são contratados por empresas estatais que recebem do
contratante estrangeiro e pagam os salários aos trabalhadores, sem grande
discrepância em relação ao que recebem os que trabalham em empresas ou
organismos cubanos. Os médicos que trabalham no exterior recebem mais do que os
que trabalham em Cuba. Mas
algo como nem muito que seja um desincentivo aos que ficam, nem tão pouco que
não incentive os que saem." (leia
mais aqui sobre o tema)
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