Ex-secretário de Transportes do PSDB movimentou R$ 28 milhões de propinas. E agora, Aécio?



“O jornal  O Globo, reconhecidamente como de oposição ao ao governo federal e amigo dos tucanos, deu, nessa quinta feira, (28), a notícia sobre propinas no metrô comandado  pelos tucanos. Será que o Aécio vai convocar a imprensa para acusar o jornal de estar fazendo dossiê contra os tucanos?

Ex-secretário de Transportes de SP movimentou R$ 28 milhões

A investigação de cartel denunciada pela Siemens não é a única que envolve as obras do metrô paulista. Contratos firmados pelo grupo Alstom para fornecer energia ao metrô de São Paulo também estão sob suspeita. Investigações do Ministério Público de São Paulo sobre um contrato firmado em 1998, na gestão de Mário Covas (PSDB), mostram que Jorge Fagali Neto, irmão do ex-presidente do metrô José Jorge Fagali, tinha autorização para movimentar na Suíça a conta do responsável por uma das consultorias suspeitas de movimentar propina para a Alstom: a Taltos, de José Geraldo Villas Boas. Também o consultor podia movimentar uma conta de Fagali Neto no Banco Safdié, em Genebra. As contas foram mapeadas pelo Ministério Público da Confederação Suíça e documentos, entregues a autoridades brasileiras.

Fagali Neto movimentou R$ 28 milhões em contas na Suíça. Ele foi secretário de Transportes no governo Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB); trabalhou no metrô por sete meses em 1993; foi diretor dos Correios ( em 1997) e atuou no projeto de financiamento para a Linha 4 do metrô. Fagali Neto aparece no inquérito do Ministério Público também como representante de três fundações no exterior: Andrius e Lenobrig, em Lichtenstein, e Niton Foundation, no Panamá. É também representante da offshore Woler Consultants, no Panamá.

Valores foram considerados incompatíveis com a função de servidor

O mapeamento mostra que, num período de dez anos, de 1997 a 2007, Fagalli Neto movimentou o equivalente a R$ 28 milhões, pelo câmbio atual, em contas de vários bancos no exterior. Apenas entre agosto e setembro de 2003, ele movimentou US$ 10,5 milhões num banco de Genebra e 211 mil euros. Os valores foram considerados incompatíveis com a função de funcionário público em estatais brasileiras.

Na Suíça, Fagali Neto teve US$ 6,568 milhões bloqueados na conta do Banque Safdié. Pagamentos feitos pela Alstom à Taltos teriam sido repassados a Fagali Neto. Em 2000, Villas Boas transferiu US$ 60 mil para a conta de Fagali Neto em Genebra.

Segundo o Ministério Público, o Grupo Alstom pagou R$ 9 milhões em propinas para fechar, em 1998, o contrato do aditivo 10 do Projeto Gisel, firmado com Eletropaulo e EPTE, na época controladas pelo governo paulista. O valor do contrato era R$ 68 milhões pelo câmbio da época. Além da Taltos, a Alstom subcontratou também a consultoria MCA Uruguay, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas.

Dinheiro teria sido entregue a motoboys indicados por doleiros

Romeu Pinto Junior, representante da MCA, admitiu em depoimento ao MP que não prestou serviços à Alstom e que recebia o dinheiro em casa. Foram R$ 5,1 milhões entre 1998 e 2001. Pinto Junior disse que o dinheiro não ficava com ele: foi orientado a entregar a motoboys indicados por doleiros, sempre em restaurantes.

Villas Boas também disse ao Ministério Público, no depoimento que consta no inquérito, que repassou a terceiros parte do que a Taltos recebeu. Explicou que, a cada 100 francos franceses, 17 ficavam com ele e parte era repassado a Jean Pierre Courtadon, dono de outra consultoria apontada como intermediária de propinas, a Andros. Em 1998 e 2001, a Andros fez dois depósitos na conta de Fagali Neto.

O Ministério Público ingressou com ação cautelar para manter as contas bloqueadas na Suíça e requisitou documentos. Os investigados no inquérito recorreram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), alegando que informações produzidas na Suíça não podem embasar ações na Justiça brasileira. O recurso ainda não foi julgado pelo STJ.”

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