Bob Fernandes,
Terra Magazine
“Tem ministro do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) inconformado com o prontuário da criação e registro dos
partidos Pros e Solidariedade. Histórias de arrepiar.
Esse clima breca o libera geral, que tem
sido a praxe. Isso dificulta o registro do partido de Marina.
A Rede dormiu no ponto e chega a um TSE de
lupa, que se obriga a ser rigoroso como não tem sido até aqui…
E Serra fica no PSDB. Diz que sua missão é
"derrotar o PT". Serra diz "contra" o que é. Se esquece de
dizer do que é ou seria a favor. Sinal dos tempos.
Luis Fernando Verissimo é o maior cronista
do Brasil. É homenageado, a toda hora, com a publicação de textos a ele
atribuídos. Textos que não são dele.
Veríssimo, com todo aquele talento e humor,
nega a paternidade dos textos. Até os elogia, com sinceridade ou fina ironia,
mas de nada adianta. Continuam a publicar, a postar.
Não apenas. De quando em quando, na
presença do próprio homenageado, leem para ele textos que não são dele. E não
adianta ele negar. Quase ninguém ouve.
Um autor consagrado como Verissimo não
conseguir provar que Aquele não é Ele revela muito. Revela que, cada vez mais,
se espalha um diálogo de surdos; sem os sinais. Um diálogo constituído por
monólogos.
Uma conversa onde cada um ouve a si mesmo,
fala consigo mesmo, numa era de extremo individualismo. Perguntas que não foram
feitas são respondidas com fervor. Argumentos que não existem são debatidos
como se tivessem existido.
A visão de uma manchete ou uma foto já
basta. Já é o suficiente para uma torrente de convicções graníticas, uma chuva
de certezas irrefutáveis.
Importa pouco que tanta convicção e certeza
eventualmente nada tenham a ver com o teor da mensagem, das palavras do autor. Isso
diz muito. Diz da própria mídia, a chamada tradicional, onde assim tem sido
cada vez mais.
Por isso, nesse mundo tradicional, os
escândalos que existem e os escândalos que não se quer que existam. Aí está uma
matriz para o monólogo, que se reproduz nas redes sociais.
A Política, com seu cinismo e hipocrisia, é
outro modelo. Dia após dia, ano após ano, corruptos alardeiam a corrupção… de
outros corruptos.
Portanto, essa Torre de Babel não surge do
nada. Não brota do vácuo esse diálogo errático, feito de monólogos, recheado de
desinformação. E de rancor, muito rancor e recalque tornados discurso e ação
política.
Luis Fernando Verissimo já escreveu 80
livros. Vendeu milhões de exemplares. É o grande cronista do Brasil. Mas, de
quando em quando, mesmo na sua presença, o homenageiam com textos que não são
seus.
Não importa que ele, com humor, informe não
serem seus. Muita gente, cada vez mais, está pouco disposta a ouvir, a prestar
atenção no que O Outro diz. Mesmo quando O Outro é alguém com a dimensão de
Luis Fernando Verissimo.”
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