Sem Marina, Dilma vence no 1º turno em 2014?


Dificuldades no caminho do Rede Sustentabilidade, dificilmente, serão superadas até 3 de outubro, último dia de sessão do TSE, para decidir pela criação da legenda da ex-senadora; fora do páreo, é a presidente Dilma quem mais se beneficia do novo cenário; Marina tem até 25% das intenções de voto e é a candidata preferida dos "sem-partido", firmando-se, portanto, como nome principal da oposição, pouco representada por um Aécio sem tanta musculatura e um Campos ainda indefinido; sem a verde, seus votos não migram para nenhum candidato; tendem a se diluir, beneficiando a primeira colocada, que tem uma dianteira superior a 50% perante o 3º colocado, o senador tucano


Ao que indicam os fatos, a ex-senadora Marina Silva não conseguirá viabilizar seu partido, o “Rede Sustentabilidade”, até o próximo dia 5 de outubro para concorrer, novamente, à Presidência da República no próximo ano. Com o tempo expirando, diante de assinaturas necessárias à criação da legenda sendo invalidadas por cartórios e questionadas pela Procuradoria Eleitoral, a ex-petista e ex-Partido Verde, que pontua com até 25% das intenções de votos dos eleitores brasileiros, preferida dos que se declaram “sem-partido”, beneficiará que candidato com sua ausência do pleito? Sem ela, que aparece em segundo lugar nas pesquisas, a presidente Dilma Rousseff (PT) consegue faturar a eleição já no primeiro turno?

Parecer do Ministério Público Eleitoral enviado nesta sexta-feira (21) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informa que a ex-senadora só conseguiu comprovar 304.099 assinaturas, em 14 estados e no Distrito Federal. Marina precisa apresentar 492 mil assinaturas para garantir o registro. Ou seja, em menos de duas semanas, ela teria que apresentar 188 mil novas assinaturas para o TSE julgar. A última sessão do tribunal antes da expiração do prazo das eleições de 2014 é dia 3 de outubro. São apenas quatro sessões até lá, sendo que já há dois partidos na fila esperando por julgamento para serem criados – o Solidariedade e o PROS.

Ou seja, as chances do Rede já existir para o próximo ano eleitoral são mínimas. O que fará Marina? Negará o discurso contrário à política tradicional e se alinhará a algum grupo político (especula-se sua adesão ao Partido Ecológico Nacional, um nanico) ou desistirá de 2014? Marina é o nome preferido dos que participaram das manifestações de junho. Foi quem mais cresceu nas pesquisas, quando desabou a popularidade da presidente do país.

É quem mais dá chances à oposição, tão combalida, diante de nomes que até agora não animaram o eleitor, como o do senador Aécio Neves (PSDB) e do governador Eduardo Campos (PSB) – este último até poderia ser uma novidade na cena política, mas não tem o perfil que o eleitor jovem vê em Marina. Neste quadro, quem mais se beneficia com a saída da ex-senadora da disputa eleitoral do ano que vem é a presidente Dilma, que após os protestos, voltou a subir (devagarzinho, mas de modo constante) nas intenções de voto do eleitorado.

Puxada por índices inflacionários controlados, geração de empregos nas alturas e “Mais Médicos” com quase unanimidade de aprovação, a petista vê as possibilidades de vencer ainda no primeiro turno voltarem ao patamar anterior ao mês de junho deste ano. Não há ainda pesquisas de cenário eleitoral sem Marina, mas dá para se depreender dos dados que o eleitor fornece nas pesquisas existentes que a saída dela não derrama intenções de votos prioritariamente em Aécio ou Campos, tampouco em Dilma, mas postos os números atuais, é a atual presidente com quase 40% de intenções quem passa a surfar no cenário sem Marina, uma vez que a petista possui mais do que o dobro de intenções de voto de Aécio, o terceiro colocado nas sondagens existentes.

Outro ponto relevante é que é Dilma quem mais desperta confiança dos brasileiros entre os principais políticos do país. A pesquisa Vox Populi, publicada pela Carta Capital do início deste mês, mostra que 46% dos eleitores confiam nela, contra 34% de Marina, 20% de Aécio e 11% de Campos. Até o combalido José Serra gera mais confiança no eleitor do que Aécio. O candidato derrotado nas eleições de 2010 por Dilma tem a confiança de 31% dos eleitores.

Na mesma pesquisa, há ainda outro dado extremamente relevante para a presidente. A avaliação do seu governo, que já foi acima dos 60% chega a 35%, tendo 43% de regular e 22% de negativo. No entanto, dentro dos 43% de regular, dois terços (29%) afirmam que a presidente tem avaliação “regular positiva”. Depreende-se assim que colocados fatos positivos na agenda, com ação mais objetiva do governo diante dos problemas do país, a aprovação com números generosos pode se repetir. E sem Marina, para encantar o eleitorado “sem-partido”, a presidente Dilma poderá se aventurar a ver a reeleição já em primeiro turno.

No jogo das possibilidades e especulações, para onde irá Marina Silva? Uma coisa é certa: sem o Rede, suas pretensões, mesmo em outro partido, ficam prejudicadas. O eleitorado cativo, que lhe deu quase 20 milhões de votos em 2010 e que se mostra fiel para 2014, tende a minguar. Com mais cinco anos pela frente sem partido, dificilmente, irá se manter competitiva, diante da ausência de estrutura que mantenha seu projeto. Os próximos dias serão decisivos para a ex-senadora. E também para Dilma, Aécio, Eduardo, Serra... “

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