“Economista inglês Jim O'Neill aposta em
crescimento de 4% para o PIB brasileiro este ano; criador do termo BRICs, para
definir os emergentes Brasil, Rússia, Índia e China, O'Neill foi a voz
dissonante no Congresso da BM&F Bovespa realizado no fim de semana; no
mesmo ambiente em que estavam Persio Arida, do BTG Pactual, que defendeu doses
de desemprego para frear a economia, e o ex-presidente do BC Gustavo Franco,
que previu um 2014 cheio de chuvas e trovoadas, britânico ensinou: "A
avaliação da economia, aqui, sobe e cai muito influenciada pelos eventos que
acabaram de acontecer"; disse ainda que desvalorização do real pode fazer
bem à economia; humildade, senhores!
Conhecido como pai dos BRIC´s (foi criador do termo que representa o grupo de potências econômicas Brasil, Rússia, Índia e China), o economista inglês Jim O'Neill não só acredita num maior potencial de crescimento do Brasil, em comparação a outros economistas – especialmente brasileiros –, como avalia que existe um "pessimismo exagerado" sobre esse tema. O'Neill vê como erradas as projeções de que o crescimento do País seria de no máximo 2,5%. Com base no desempenho da economia nacional este ano, ele acredita que o PIB ainda pode avançar a uma taxa de até 4%.
O estudioso de países emergentes foi voz a dissonante no 6º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, realizado entre quinta-feira e sábado em Campos do Jordão, interior de São Paulo, pela BM&FBovespa. Ele declarou não haver justificativas objetivas para o pessimismo dos demais economistas participantes do evento. Ao comentar o crescimento brasileiro registrado no segundo trimestre (1,5%), o professor de finanças da Universidade de Columbia indicou que o crescimento de 2013 pode surpreender positivamente, a não ser que haja uma forte desaceleração no segundo semestre.
Em sua apresentação, O'Neill disse que podem ser várias as fontes desse crescimento e ressaltou que a desvalorização do real diante do dólar pode inclusive ser favorável para a melhora da economia, com a inflação mantida sob controle pelo Banco Central. Ele concordou com os colegas do encontro, porém, que o governo deve reduzir sua participação no mercado de crédito, fazendo críticas à equipe econômica, que, segundo ele, quer transformar o Brasil numa China.
Ao comentar sua avaliação sobre o Brasil desde que criou o termo BRIC, disse que ela se mantém a mesma, mas afirmou que, no grupo, é o país cujas expectativas são as que mudam mais rapidamente. "A avaliação aqui sobe e cai muito influenciada pelos eventos que acabaram de acontecer", disse. Ele disse que tiraria o "B" do BRIC apenas depois de excluir o "I". A Índia é o país que possui o pior desempenho no quesito "melhor ambiente de crescimento", avaliado por um indicador que considera 18 quesitos de mais de cem países.
Em meio a brasileiros pessimistas
No mesmo encontro, economistas da era do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso previram turbulências e pediram mais desemprego, conforme noticiou o 247. Para o ex-presidente do Banco Central e do BNDES Persio Arida, por exemplo, a economia brasileira está crescendo acima do seu potencial e deveria ser freada imediatamente. Ele sugeriu uma taxa de desemprego entre 6,5% e 7%, uma medida que atiraria na rua da amargura milhões de brasileiros. No último sábado 31, o também economista tucano Gustavo Franco previu grandes turbulências em 2014, confirmando o pessimismo condenado por O´Neill.’
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