Pedro Peduzzi, Agência Brasil
‘A Polícia Federal deflagrou hoje (19) a
Operação Miqueias, com o objetivo de desarticular duas organizações criminosas
acusadas de fazer lavagem de dinheiro e má gestão de recursos de entidades
previdenciárias públicas. Foram escalados mais de 300 policiais para cumprir
102 mandados judiciais.
Segundo a PF, estão sendo cumpridos 75
mandados de busca e apreensão, cinco prisões preventivas e 22 prisões
temporárias em dez unidades federativas: Distrito Federal, São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão,
Amazonas e Rondônia.
Em nota, a PF informa que investiga há um
ano e meio lavagem de dinheiro por meio das contas bancárias de empresas de
fachada ou fantasmas, abertas em nome de laranjas. Na ocasião, foi verificada a
existência de uma holding de empresas que consistia em um verdadeiro serviço de
terceirização para lavagem do dinheiro proveniente de crimes diversos.
O dinheiro era creditado nas contas
bancárias das empresas investigadas, e os valores ilícitos ficavam circulando
pelas demais contas ligadas à quadrilha, de onde eram sacados. Em 18 meses,
foram sacados mais de R$ 300 milhões. Para não chamar a atenção dos órgãos de
fiscalização, os criminosos substituíam periodicamente os laranjas e empresas
envolvidas no esquema.
A PF identificou diversas “células
criminosas da organização”, divididas em três núcleos. De acordo com os
investigadores, os criminosos contavam com a ajuda de policiais civis do
Distrito Federal. Os líderes da organização também faziam aliciamento de
prefeitos e gestores do Regime Próprio de Previdência Social a fim de que
aplicassem recursos de entidades previdenciárias em fundos de investimentos com
papéis pouco atrativos, geridos pela própria quadrilha e com alta probabilidade
de insucesso.
Esses fundos eram formados por “papéis
podres” e “foram verificados prejuízos no patrimônio desses regimes
previdenciários”, segundo a PF. Os prefeitos e gestores que aderiram ao esquema
eram remunerados com um percentual sobre o valor aplicado.
Foram verificadas irregularidades
especificamente no Regime Próprio de Previdência Social das prefeituras de
Manaus, de Ponta Porã e Murtinho (MS), Queimados (RJ), Formosa, Caldas Novas,
Cristalina, Águas Lindas, Itaberaí, Pires do Rio e Montividiu (GO), de Jaru
(RO), Barreirinhas, Bom Jesus da Selva e Santa Luzia (MA).
Os presos e indiciados responderão pelos
crimes de gestão fraudulenta, operação desautorizada no mercado de valores mobiliários,
corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e
falsidade ideológica.”
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