Novos partidos não influenciam eleições presidenciais de 2014'


O Pros e o Solidariedade - as duas novas siglas cujos registros foram aprovados pelo TSE, apesar dos indícios de fraudes nas listas de apoiadores - não têm representatividade para influir diretamente no cenário das eleições presidenciais do próximo ano. Serão apenas mais duas sublegendas, àquelas que já nascem mirando apoiar outros partidos, como afirma o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), João Paulo Peixoto.

Najla Passos, Carta Maior

O Partido Republicano da Ordem Social (Pros) e o Partido Solidariedade (SDD) - as duas novas siglas cujos registros foram aprovados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta terça (24), apesar dos indícios de fraudes nas listas de apoiadores - não têm representatividade para influir diretamente no cenário das eleições presidenciais do próximo ano. Serão apenas mais duas sublegendas, àquelas que já nascem mirando apoiar outros partidos, como afirma o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), João Paulo Peixoto.

O Partido Republicano da Ordem Social (Pros), número 90, foi aprovado por 5 votos a 2 dos ministros do TSE. Para a relatora, ministra Laurita Vaz, a legenda comprovou apoio nacional de 515,8 mil eleitores, mais do que o mínimo exigido por lei, que é 0,5% dos votos para deputados na última eleição (492 mil), distribuídos por pelo menos nove estados, com um mínimo de 0,10% do eleitorado em cada um. Acompanharam o voto dela os ministros Dias Toffoli, Carmem Lúcia, Gilmar Mendes e Castro Meira. Já os ministros Luciana Lóssio e Henrique Neves votaram pela realização de recontagem das listas de eleitores, sob suspeita de fraude.

O presidente da legenda é o até então inexpressivo Eurípedes Junior, evangélico, vendedor por profissão e ex-vereador de Planaltina de Goiás (GO), que obtive menos de 4 mil votos no pleito de 2008. Sua figura mais pública, o ex-jogador Marcelinho Carioca, que anunciou a filiação ainda nos corredores do TSE. Tem como principal bandeira a redução dos impostos e, apesar de advogar posições bastantes conservadoras em relação ao aborto, eutanásia e homofobia, está operando para compor a base aliada da presidenta Dilma Rousseff. Na segunda (23), Eurípedes Junior participou de reunião no Palácio do Planalto.

Já o Partido Solidariedade, número 77, foi homologado por 4 votos a 3, com 503 mil assinaturas reconhecidas pelo TSE como válidas. O Ministério Público Federal Eleitoral (MPE), porém, não ficou convencido e promete investigar. Para o órgão, são fortes os indícios de que as assinaturas foram obtidas por meio de fraude, como a da utilização do banco de dados do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal (Sindilegis) e a denúncia da chefe de um cartório de Várzea Paulista (SP) de que a assinatura dela como apoiadora da sigla foi fraudada.

O relator, ministro Henrique Neves, votou pela conversão do processo em investigação das listas. Recebeu apoio dos ministros Marco Aurélio e Luciana Lóssio. Os demais – Dias Toffoli, Laurita Vaz, Carmem Lúcia e Castro Meira, votaram favorável à criação da legenda, alegando que não poderiam analisá-lo com peso diferente do que o tribunal havia adotado, momentos antes, com o Pros.

O Solidariedade é definido pela sua principal liderança, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, eleito pelo PDT, como de “centro-esquerda”. Tão logo o TSE anunciou sua aprovação, Paulinho já procurou o candidato potencial do PSDB às eleições presidenciais, o senador Aécio Neves (MG), para discutir uma possível composição para o pleito. "Acho que o Paulinho e eu temos algo em comum, que é a visão de que esse ciclo de governo do PT em beneficio do Brasil precisa ser encerrado", afirmou o tucano ao final da reunião, na manhã desta quarta (25).

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Para João Paulo Peixoto, só o tempo dirá que peso Pros e Solidariedade garantirão na política partidária nacional, agora fracionada em 32 diferentes legendas. Por hora, parece irrisório. “Para as eleições de 2014, o jogo político está bem definido entre os grandes partidos, PMDB, PSDB e PT, com exceção, talvez, para PSB, que agora entre com certa força”, avalia.

O professor acredita que a criação das duas legendas em meio às suspeitas de fraudes só aumenta a frustração do eleitorado com o sistema político brasileiro. “O Brasil não precisa de novos partidos. As ideologias políticas estão muito bem representadas no quadro partidário atual. O que precisamos é fazer com que esses partidos cumpram efetivamente suas funções, que tenham enraizamento na sociedade, que representem os interesses da sociedade”, afirma.”

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