Deputada Erundina
discursa no lançamento do
manifesto por uma
reforma política democrática,
na semana passada / agência
câmara |
“Organizações como CUT, UNE, OAB e CNBB
entregam proposta que prevê ainda maior compromisso partidário, ideológico e
programático dos representantes eleitos para o parlamento
As entidades foram a Brasília entregar a proposta ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e pediram a ele para colocá-la em votação ainda neste mês de setembro, de maneira que as mudanças, caso aprovadas, possam valer já nas eleições de 2014.
As organizações correm contra o tempo para conseguir 1,3 milhão de assinaturas à proposta, a fim de transformá-la em projeto de iniciativa popular.
As adesões podem ser feitas em papel ou por meio de abaixo-assinado eletrônico no site do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), uma das entidades que está à frente da iniciativa. Até a manhã de hoje (11), havia 171.648 assinaturas.
Os representantes das entidades frisaram que, “se houver vontade política”, haverá tempo suficiente para que a matéria seja aprovada até 5 de outubro, data-limite para alterações nas regras com vistas às eleições do ano que vem.
A proposta – endossada por 130 deputados de diversos partidos – tem como principal foco o fim do financiamento privado. Estabelece, por exemplo, que as doações feitas por pessoas jurídicas para candidatos e campanhas passem a ser proibidas. As doações de pessoas físicas seriam limitadas a R$ 700.
“Este item é fundamental, porque impediremos a corrupção e o beneficiamento”, destacou o representante da CNBB, Joaquim Mol.
Além disso, o projeto estabelece a realização de dois turnos para as eleições proporcionais (vereadores e deputados estaduais e federais). No primeiro turno, os eleitores votariam nos partidos e em seus programas; no segundo turno, nos candidatos.
“O projeto não é uma PEC e, por isso, não altera a Constituição Brasileira. É importante porque apresenta mudanças reais para 2014 e não mudanças cosméticas, como as que estão sendo elaboradas por esse grupo técnico designado para elaborar uma proposta de reforma política que, na verdade, deveria se chamar antirreforma”, acentuou o juiz Marlon Reis, coordenador do MCCE.
Ele refere-se ao grupo coordenado pelo deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que pouco tem avançado no sentido de mudanças profundas.
Ramonn Bentivenha, representante do Instituto Atuação (grupo curitibano que trabalha na ampliação do conhecimento político da sociedade), acredita que somente a pressão popular fará com que os congressistas alterem o atual sistema – já que na maioria se beneficia dele. Para o ativista, é preciso “sair do sofá e ir para as ruas”. “Se não for assim, dificilmente as mudanças ocorrerão”, afirma.
Para o representante da UNE, Rodrigo Grassi, o atual sistema político-eleitoral “não atende às aspirações do povo brasileiro”. Ele frisou que a Lei da Ficha Limpa cumpriu importante papel ao atacar as consequências da corrupção eleitoral, mas é necessário, agora, enfrentar as suas causas e trabalhar para que a reforma assegure “um sistema eleitoral que garanta aos brasileiros o aprofundamento da democracia”.
Com informações da repórter Hylda Cavalcanti”
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