Serra em campanha
em 2012
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“Com cinco anos de atraso, a Folha coloca
Serra na manchete no escândalo do metrô.
Serra está, enfim, na manchete da Folha no
caso das propinas do metrô.
O único problema é que é com cinco anos de
atraso.
Em 2008, ele era governador quando as
denúncias surgiram, trazidas do exterior. A Siemens recebera uma multa
bilionária nos Estados Unidos por causa de subornos em vários países, incluído
o Brasil.
Diz a Folha
hoje: “Serra sugeriu à multinacional alemã Siemens um acordo em 2008 para
evitar que uma disputa empresarial travasse uma licitação do metrô, de acordo
com um e-mail enviado por um executivo da Siemens a seus superiores na época.”
Serra nega.
No Brasil, as propinas da Siemens se
dirigiam a autoridades do governo de São Paulo desde a gestão Covas para ganhar
contratos no metrô paulistano.
Altos funcionários do metrô também foram
subornados pela máquina corruptora da Siemens.
(Os corruptos brasileiros se abasteceram
também dos subornos de uma outra grande empresa de engenharia multinacional, a
francesa Alstom.)
Naqueles dias de 2008, Serra era governador
de São Paulo e deveria estar no centro do furacão, uma vez que a alma da
corrupção era o Palácio dos Bandeirantes.
Mas nem a imprensa o cobrou e nem a justiça
o incomodou. Num espasmo de cinismo arrogante, ele disse a jornalistas na
ocasião que as denúncias eram coisa do “kit PT”.
Acrescentou que o caso, pausa para rir, já
estava sendo devidamente investigado pelo governo paulista, pelo Tribunal de
Contas do Estado e pelo próprio metrô.
Ora, isso significava que as propinas estavam
sendo investigadas, aspas, pelos que mamavam nelas.
Um dos integrantes do TCE, Robson Marinho,
por exemplo, é acusado pela justiça suíça de ter uma conta na Suíça à base de
subornos.
Marinho era o braço direito de Covas. Foi
chefe da Casa Civil, o cargo mais importante da equipe, quando Covas era
governador de São Paulo.
Depois, Covas conduziu Marinho ao TCE. Robson
Marinho é, hoje, dono de um patrimônio que inclui uma ilha em Paraty, refúgio
de luxo de outros Marinhos – os da Globo.
É um insulto aos paulistas que, ainda hoje,
conhecida sua ficha, Marinho continue no TCE.
Não renunciou, e nem Serra e nem Alckmin o
tiraram. Nenhum dos grandes jornais paulistas exerceu pressão para que Marinho
fosse removido e o TCE reavaliado.
O TCE, acredite, é feito para fiscalizar os
gastos do governo de São Paulo. Como Marinho, todos os seus integrantes são
indicados politicamente.
Logo, quem acredita que o TCE cumpre seu
papel acredita em tudo.
Fiquemos com a hipótese de que Serra não
estimulou nenhum acordo entre concorrentes a licitações no metrô, ao contrário
do que um executivo da Siemens afirma.
Ainda assim. É imperdoável a sem cerimônia
com que ele, em 2008, descartou a importância de um foco monstruoso de
corrupção no seio do seu governo.
Ao dizer que o metrô já investigava o
metrô, e isso era o bastante, ele deu uma patada atômica em cada paulista. E
tem que responder, ao menos, por isso.”
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