“Rodrigo de Grandis, que ganhou notoriedade
na Operação Satiagraha, não quis indiciar o vereador Andrea Matarazzo, apontado
pela Alstom como beneficiário de propinas milionárias, embora até mesmo um
ex-tesoureiro tucano tenha confirmado sua participação na arrecadação do caixa
dois de FHC em 1998; para o ex-ministro José Dirceu, cautela atual de De
Grandis contradiz sua atuação anterior e ele deveria se declarar suspeito no
caso
O procurador Rodrigo de Grandis, que se
tornou nacionalmente conhecido durante a Operação Satiagraha, que prendeu duas
vezes o banqueiro Daniel Dantas, não quis denunciar o vereador tucano Andrea
Matarazzo, a despeito do indiciamento proposto pela Polícia Federal.
Matarazzo, como se sabe, foi apontado pela
Alstom como responsável pela coleta de propinas junto à empresa (leia mais aqui). Tais recursos
foram para o caixa dois da campanha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,
em 1998, o que foi confirmado até pelo ex-tesoureiro do partido, Luiz Carlos
Bresser Pereira (leia mais aqui). Em razão disso,
a PF decidiu até investigar a conexão entre o propinoduto do metrô e a campanha
de FHC (leia aqui).
No entanto, Rodrigo de Grandis considerou
os indícios apontados insuficientes e pediu novas diligências à Polícia
Federal, antes de denunciar Matarazzo. Para o ex-ministro José Dirceu, com essa
atitude, ele contradiz toda a sua atuação anterior. Leia, abaixo, texto postado
por Dirceu em seu blog:
No caso Alstom, procurador de Grandis
contradiz atuação anterior
O Ministério Público Federal (MPF), em
processo no qual tem à frente o procurador da República Rodrigo de Grandis,
considerou prematuro o relatório da Polícia Federal (PF) que indiciou políticos
tucanos. Ele solicitou novos depoimentos de envolvidos no caso do pagamento de
propinas a integrantes do PSDB e a servidores do governo tucano paulista pelo
grupo francês Alstom (contratos na área de transportes e de energia elétrica).
Concluído em agosto de 2012, o relatório
partiu de informações obtidas pelo Ministério Público da Suíça, que até
bloqueou contas de tucanos paulistas naquele país, suspeitas de resultarem de
corrupção e propina paga mediante contratos em que a multinacional foi
favorecida por membros do PSDB e da administração estadual tucana de 1995 a 2003.
Mas, agora, está na Folha de S.Paulo de
hoje: o procurador da República Rodrigo de Grandis, responsável pelo caso,
cobra novas investigações porque, segundo ele, é preciso "aprofundar o que
já é conhecido em termos de extensão. (...) Isso não é excepcional, faz parte
da dinâmica da própria investigação". De Grandis pediu à Receita Federal e
ao Banco Central novos dados de envolvidos e indiciados no escândalo.
A PF, conforme já foi divulgado antes,
registra no inquérito que "foi produzido um conjunto robusto de provas,
que demonstrou indícios de materialidade e autoria nos crimes pelos quais os
investigados foram indiciados".
E agora, quem diria, o antes Torquemada
procurador federal Rodrigo De Grandis pede novas investigações no caso das
denúncias e investigações da corrupção tucana em Sao Paulo. Esse
seu comportamento contradiz toda a sua atuação nos últimos anos em São Paulo. Ele está
sob suspeição e deveria se declarar impedido de continuar no caso.”
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