“De forma inesperada, a política econômica
adotada no início de 2011 foi agressivamente contracionista. O superávit
primário foi aumentado, houve uma sequência de elevações da taxa de juros, gastos
públicos foram contidos, medidas macroprudenciais foram adotadas e até o
investimento das estatais foi mitigado. O resultado era óbvio: a economia
desacelerou por seis trimestres consecutivos - de janeiro de 2011 até junho de 2012. A trajetória do crescimento
do investimento foi pior que a do PIB (ver gráfico).
A economia que crescia a um ritmo de 7,5%
em 2010 caiu para 2,7% em 2011; e para 0,9% em 2012. O desastre foi
exclusivamente atribuído, de forma errada, à crise internacional. Desconcertado,
o governo fez desonerações, abaixou a taxa de juros para programas específicos
no BNDES, reduziu tarifas de energia elétrica... e lamentava a falta de reação
dos empresários. A oposição e os indecisos babavam de alegria. Analistas
conservadores aproveitaram a onda pessimista para colocar a culpa na “elevada”
carga tributária.
A economia começou a reagir, de fato, no
início de 2013, quando começaram a ser dissolvidos os efeitos provocados pela
política contracionista de 2011. No primeiro trimestre do ano, o investimento
cresceu mais que a economia – deu sinais que a forma do crescimento poderia se
assemelhar à Era Lula. O resultado do 2º tri já foi bem melhor que o do
primeiro. O PIB cresceu 1,5% em relação ao trimestre anterior e 3,3% em relação
ao mesmo período do ano passado. E o investimento? Cresceu quase três vezes o
crescimento da economia – tal proporção foi exatamente o que caracterizou a
fase de crescimento de 2005 a
2010.
Outro quesito importante da qualidade do
PIB é o crescimento da indústria. No 2º trimestre, houve crescimento de 1,7% da
indústria de transformação em relação ao trimestre anterior. A construção civil
foi o destaque, cresceu 3,8% em relação ao trimestre passado. Sempre que a
indústria cresce a trajetória do PIB se mostra mais consistente.
Sonho para uns e pesadelo para outros: a
economia está com inflação moderada e a trajetória de crescimento se mostra
consistente, embora ainda modesta.
Lição do período 2011-2013: a política
econômica provoca efeitos reais sobre a trajetória do PIB e do investimento. Escolhas
equivocadas produzem resultados indesejados.”
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