‘Oligarcas, coronéis, hipócritas,
conservadores, reacionários vocês já morreram! Essa nação já não vos pertence!
Esse novo país que ora se alevanta e se agiganta não lhes pertence!
Lula Miranda, Brasil 247
“Os
“donos do Brasil” estão nus!
Isso
é o que parece nos gritar as manchetes da revista Isto É nessas últimas semanas. A
mais recente foi: “A conta secreta do
propinoduto – Documentos vindos da Suíça revelam que conta
conhecida como “Marília”, aberta no Multi
Commercial Bank, em Genebra, movimentou somas milionárias para
subornar homens públicos e conseguir vantagens para as empresas Siemens e
Alstom nos governos do PSDB”.
E
agora, José [Serra]? E agora, Geraldo Alckmin? E agora, FHC? E agora, Merval
Pereira? E agora, Sardenberg? E agora, Joaquim Barbosa?
E
agora, todos os hipócritas e falsos moralistas desse país?
Os
supostos e pretensos “donos do Brasil” [bem como seus áulicos e sabujos] estão
nus!
Isso
é o que parece nos gritar, todos os dias, a “criança” em sua ingenuidade e
pureza. Não propriamente a criança da famosa e tão conhecida fábula que,
finalmente, num arroubo de “criancice”, teve a “coragem” e o “desprendimento”
de dizer que o rei estava nu. Não exatamente essa criança da fábula da roupa
nova do rei, mas essa outra “criança”, que surge a cada nova manhã: o novo
Brasil.
Esse
novo país que brota a despeito dos seus líderes e governantes de um passado de
ruínas, que, tal qual fantasmas, insistem em nos assombrar e amedrontar com
suas sombras e semblantes crispados, medonhos, carrancudos. Mas já não temos o
medo a nos subjugar.
Quem
vai dizer aos mortos o seu derradeiro caminho, para que não nos assombrem mais?
Quem vai lhes dar a definitiva e cristalina mensagem: de que já morreram; que
já “passaram”; que seu tempo já passou?
Oligarcas,
coronéis, hipócritas, conservadores, reacionários vocês já morreram! Essa nação
já não vos pertence! Esse novo país que ora se alevanta e se agiganta não lhes
pertence! Pertence ao povo brasileiro, protagonista de seu destino.
Esse
novo país que construímos com a argamassa da coragem e da vontade, desde garotos,
guiados pelo farol da utopia, movidos pelo “tesão” libertário e
libertador.
Essa
argamassa, esse nosso artesanato, que moldamos com arte e engenho, foi ungida
com a liga do sangue, suores e lágrimas derramados por nossos companheiros na
luta contra a ditadura. Essa liga, ocioso duvidar, tem a força do mais duro
aço. Não se rompe fácil. Não se romperá assim à toa.
Para
que a vida vingasse, para que a luz sobrepujasse as sombras muitos dos nossos
tiveram que morrer. Não mais!
Com
o sangue, suor, lágrimas e o destemor dos que construíram tijolo a tijolo, num
desenho lógico, mas poético, um novo sindicalismo de lutas e uma nova história
para além das classes dominantes nesse país. Isso é o que nos conta a nossa
verdadeira história. Não a história contada pelos “jornalistas” a serviço dos
donos do poder e do “jornalismo” que serve ao mercado e não à cidadania.
A
nossa lavoura é feita de sangue, suor e lágrimas.
E
as flores que dela irão brotar, estejamos certos, não mais servirão para
adornar os salões da Casa-Grande ou os grandes bailes de máscaras e convescotes
de uma elite promíscua, egoísta, decrépita, ultrapassada.
Os
supostos, pretensos, atávicos, caquéticos “donos” e “sinhozinhos” do Brasil não
conseguirão arruinar a nossa lavoura tão dedicada quanto delicada.
Eu,
Lula Miranda, poeta que sou e me fiz na defesa dos ideais de uma sociedade mais
justa e igualitária, que não traí, essa boa e nobre causa, princípios e fins de
toda uma juventude, tenho fé na força inabalável que as coisas parecem ter
quando elas precisam acontecer – isso já nos ensinaram outras palavras e outros
poetas.
Tenho
fé na força das palavras e dos que lutam ao lado da verdade, e faço aqui essa
minha prosa poética como se fora uma espécie de oração.
Os
canalhas não arruinarão a nossa lavoura – delicada e dedicada, reitero!
Os
canalhas não arruinarão a nossa arte e engenho!
Os
canalhas não conseguirão arruinar o nosso jornalismo!
[Em que pese a falta de decência, o
despudor, o escárnio, a degradação social, o vexame de dois jornalistas da
grande imprensa que, recentemente, celebraram e brindaram a desgraça de seus
inimigos políticos, num simulacro de “dia da vitória”, sugerindo um jantar com
degustação de boa comida e vinhos caros.]
Os canalhas não conseguiram arruinar a
nossa alegria!
Os canalhas, os contumazes violadores da
ética, da dignidade e da cidadania não conseguirão nos desviar de nossa utopia!”
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