Teste
republicano
“Às vésperas de o STF reiniciar as sessões sobre a ação penal 470, notícias referentes ao cartel dos trens montado em São Paulo entre 1998 e 2008 colocam à prova o sentido republicano das instituições e grupos sociais que têm se mobilizado contra a corrupção no último período.
Terão a mesma energia ou o ímpeto revelado irá esmorecer, agora que são outros os personagens na berlinda?
Observe-se a equivalência dos dois escândalos. Em um, acusa-se o partido no poder federal de ter desviado algo em torno de R$ 30 milhões para montar um esquema destinado a permanecer no governo em que se encontra há dez anos. No segundo, fala-se em propinas da ordem de R$ 40 milhões para financiar o partido no Executivo estadual paulista há quase duas décadas.
Ao que parece, movido pela convicção de que
era necessário aplicar punições exemplares a figuras do PT de modo a
desencadear uma onda de renovação moral no país, Joaquim Barbosa conseguiu
imprimir ao julgamento do mensalão um sentido de “Operação Mãos Limpas”. Em
alguma medida teve êxito, como se pôde ver em junho, com a profusão de
bandeiras nacionais nas ruas.
Como os manifestantes são uma faixa da
população que dialoga intensamente com os meios de comunicação, cabe observar o
comportamento destes nas duas situações.
No caso dos petistas foi evidente, além da
farta cobertura, a simpatia ao procedimento radical de Barbosa. Já no que tange
ao “affaire” peessedebista, foi preciso que a Folha rompesse, uma semana atrás,
um verdadeiro muro de silêncio para que o assunto, praticamente público há
anos, alcançasse repercussão em outros veículos importantes do sistema da
grande mídia.
Mas tendo furado o bloqueio inicial, como
seguirá o acompanhamento de um roteiro que coloca o PSDB em situação
dificílima? Exemplo: Geraldo Alckmin afirma que é o primeiro interessado em
apurar os fatos, mas bloqueia a criação de CPI na Assembleia Legislativa. Em 2005, a denúncia de
Jefferson foi investigada por três CPIs no Congresso Nacional. Será o governador
objeto da mesma pressão midiática para aprovar uma?
Se, até o momento, não é explícito o
envolvimento direto de altas figuras do PSDB com propinas, registre-se que a
tese do domínio do fato, que acabou por prevalecer sob a batuta de Barbosa,
prescinde de provas materiais. Basta deduzir que estrutura de tal porte não
poderia ser desconhecida pelos que comandavam o aparelho de Estado para propor
condenações.
O Movimento Passe Livre já convocou
manifestação a respeito do cartel dos transportes para quarta-feira. Estarão lá
as bandeiras verde-amarelas?”
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