“Como uma pessoa pode ser contra a
contratação de médicos estrangeiros se os médicos daqui não querem sair dos
lugares onde estão? Como pode uma pessoa ser contra o atendimento médico a
brasileiros que não têm acesso a eles?
Davis Sena Filho, Brasil 247
{Há oito meses fui ao médico}. Estou com tendinite em um dos joelhos. Sinto dor e mal consigo pisar no chão. A dor é lancinante. Estou em uma clínica em Copacabana à espera de ser atendido há mais de três horas. A clínica é uma associação e atende um público acima dos 40 anos. O paciente paga por consulta. Quando lá fui desembolsei R$ 40,00. Muitos idosos que não podem pagar por um plano de saúde procuram ser atendidos nessa clínica. Enfim, o médico chega. Espero alguns minutos e sou chamado.
Abro a porta. Cumprimento o doutor; e ele pede para eu sentar. O médico me olha e diz: "Desculpe pelo atraso, mas eu fiquei preso em um engarrafamento", ao tempo em que completa: "O que você tem?" Informo-lhe da tendinite e a dor. Ele pede para eu me deitar. Começa a examinar o joelho. Mal toca nele. Pergunto-lhe se ele quer que eu levante a calça para ele ver melhor o joelho.
Ele balança a cabeça negativamente, e diz: "Não é preciso. Já sei do que se trata. O doutor senta, pega a caneta e prescreve uma receita, um analgésico para dor. Saio espantado e nunca mais voltei lá. Não generalizo, porque não seria justo, mas são esses os médicos brasileiros que tratam as pessoas com desdém e desconsideração. Não fui pego de surpresa, pois sei dessa conduta praticada pelos médicos há muito tempo, tanto no setor público quanto no privado.
Agora, vamos à pergunta que não quer calar: você acredita mesmo que os jornalistas da imprensa de mercado, os políticos tucanos e os médicos brasileiros corporativistas e elitistas estão preocupados com a saúde do povo brasileiro e com a capacidade profissional dos médicos cubanos?
Vamos à outra pergunta que insiste em não se calar: você acha que a gritaria e o histerismo que acontece é porque o Programa Mais Médicos, além de ter o apoio majoritário da população é também um processo que pode render muitos votos e por causa disso a direita brasileira, a pior do mundo, está tentando boicotar e sabotar o programa do Governo trabalhista?
Quem respondeu "sim" para as duas perguntas acertou, e, como tirou a nota 10, deve saber também que a criação do Programa Mais Médicos é uma resposta contundente às manifestações de junho, que exigiram dos governos estaduais, das prefeituras e do Governo Federal um Sistema Único de Saúde (SUS), que preste serviços de melhor qualidade para o povo brasileiro.
Evidentemente, a direita escravocrata deste País aproveitou a oportunidade que lhes deram as manifestações para achincalhar e desqualificar o Governo trabalhista, mas o tiro saiu pela culatra, porque a presidenta Dilma Rousseff, segundo as pesquisas, voltou a melhorar seus índices de aprovação, bem como seu governo se deslocou mais à esquerda e tratou de reconquistar a credibilidade por pouco tempo parcialmente perdida com o Programa Mais Médicos.
Além do Mais Médicos, outros programas já existentes estão a ser incrementados e melhorados, bem como o Governo Dilma está prestes a lançar o Programa Mais Professores, o que, indubitavelmente, vai fazer com que os políticos do PSDB e os seus aliados fiquem mais desesperados do que já estão, e consequentemente, com o apoio da imprensa de negócios privados, os tucanos vão recrudescer seus ataques aos principais líderes do PT e autoridades do Governo, a ter ainda como parte do arsenal de acusações e pretensas denúncias as reportagens direcionadas e seletivas de Veja, O Globo, Estadão e Folha de S. Paulo, depois repercutidas pelos jornais da TV Globo e da Globo News.
Os questionamentos da direita brasileira ao Programa Mais Médicos são os mais estapafúrdios possíveis e inquestionavelmente paradoxais. O ódio e o preconceito ideológico movimentam as mentes e as ações desses grupos conservadores, que lutam contra o tempo, a história e a evolução da humanidade. Eles não querem dividir, distribuir para que possamos ter um Brasil justo e democrático. Apostam na divisão da sociedade e por causa disso manipulam e distorcem a realidade com o apoio da imprensa burguesa.
Acontece que o Programa Mais Médicos vai propiciar o atendimento médico a 701 municípios que foram renegados pelos médicos brasileiros, a maioria oriunda de classes privilegiadas e ex-estudantes de universidades públicas e também particulares, que oferecem cursos de Medicina dos mais caros. Temos um corpo médico alienado socialmente e divorciado das necessidades e dos problemas do povo brasileiro, que, juntamente com os sucessivos maus governos, são também responsáveis pela crise na saúde, afinal quem cuida do setor da saúde são os médicos.
O Brasil tem centenas de municípios sem a presença de médicos. Muitos cidadãos brasileiros nunca foram atendidos por um profissional de saúde formado em Medicina. Nunca os médicos capitalistas e consumistas e que através do tempo esqueceram o juramento de Hipócrates se preocuparam em atender os brasileiros pobres das periferias e das favelas das grandes cidades, bem como se negam a ir para o interior, como demonstrou, inapelavelmente, as inscrições para o Programa Mais Médicos.
Simplesmente os médicos brasileiros, muito deles preconceituosos, de caráteres duros e frios com os seus pacientes, preferem ficar em suas cidades, a trabalhar em três empregos e faltar ao trabalho quando são servidores da saúde pública, bem como formar sociedades em clínicas e, por conseguinte, ganhar dinheiro, muito dinheiro em prol de uma vida materialmente estável e prazerosa quando de férias e na hora de se divertir.
Evidentemente que não há problema algum de uma pessoa ou profissional querer ganhar dinheiro e viver de forma confortável. O meu desejo é que todos os brasileiros tenham uma vida assim. Mas não é a realidade que se apresenta e a responsabilidade social é também tão importante quanto a vida boa que os nossos médicos burgueses tem e não abrem mão por um segundo para cooperar com o País e atender àqueles que não têm acesso a quase nada, inclusive ao atendimento médico e hospitalar.
É verdadeiramente lamentável ao tempo que surreal a ação e a conduta de jornalistas conservadores, a exemplo de Eliane Cantanhêde, Augusto Nunes, Reinaldo Azevêdo e Ricardo Noblat que não estão nem aí para o Brasil e o seu povo. Considero também ridículo, extremamente cínico e até mesmo pérfido os ataques de políticos como Aécio Neves, Roberto Freire e Álvaro Dias ao programa que vai levar saúde para os rincões deste País — o Brasil profundo. É um despropósito dessa gente, além de ignomínia inominável.
Os jornalistas e os políticos de direita consideram a vinda dos médicos perigosa. Essa gente é tão ideológica e perversa que cinicamente diz acreditar que tais médicos vão servir como espiões do comunismo internacional. Esses caras, por conveniência política, resolvem voltar à época da Guerra Fria para sabotar não somente o Programa Mais Médico, mas, sobretudo, os interesses do povo brasileiro, principalmente o pobre, que não tem condições de pagar pela saúde privada, que a classe média coxinha optou, como preferiu também a escola particular e depois perceber que deu com os burros n'água, porque sustentar durante décadas os vorazes capitalistas desse segmento é dose para mamute quando não para leão.
A verdade é que a imprensa alienígena mente; os políticos do PSDB mentem e parte da classe média coxinha acredita nessas mentiras e repercute no cotidiano de sua vida. Contudo, não tem jeito, e o Programa Mais Médicos tem a aprovação da população brasileira, que na hora da enfermidade quer ficar curada da doença que a vitimou e lhe causa preocupação. A doença não espera e a dor também.
E o que importa é que os médicos cubanos estão entre os melhores, pois eles trabalham no mundo inteiro, a realizar a medicina social e não de fundo capitalista como acontece no Brasil, porque, sem generalizar, os nossos médicos são oriundos de classes privilegiadas, tonaram-se frios e oferecem uma medicina de má qualidade e, o que mais me estarrece, francamente desumanizada.
Os médicos deste País são os maiores responsáveis pela crise na Saúde. E eles sabem por quê. Quando você vê um sem número de médicos bater o ponto e sumir do trabalho, percebemos que tais profissionais se dedicam à causa de somente ganhar dinheiro, em um país fortemente capitalista cuja elite é a propagadora para que sejamos uma sociedade individualista, consumista e indelevelmente egocêntrica, em que se valoriza o que você tem e não quem você é. Os médicos brasileiros são o retrato desse sistema que somente se preocupa com o ter e não com o ser.
E é exatamente por isso que o Conselho Federal de Medicina (CFM), os Conselhos Regionais de Medicina (CRM) e a Associação Médica Brasileira (AMB) estão a gritar, a berrar e a tentar sabotar o Programa Mais Médicos, com a cumplicidade de uma imprensa completamente alienada e voltada para os interesses empresariais. Os médicos coxinhas se recusam a ir para o interior e a periferia, mas, contraditoriamente, não querem que os médicos estrangeiros ocupem as vagas que eles desprezaram. Não é um caso para o Sigmund Freud explicar?
Esses playboys realizam passeatas, inclusive a mostrar faixas e cartazes com dizeres infames, mas não querem que o Governo resolva a falta de médicos. São os médicos pequenos burgueses de vida mansa e que se tornam feras quando têm de defender a reserva de mercado. Tão capitalistas e privatistas quando se trata de apoiar programas e receitas econômicas de políticos que somente tiram do povo, ao tempo que tão cônscios de seus interesses, ainda mais quando o Governo trabalhista, em quem eles não votam, quer distribuir a população médica em todo o País.
Agora a moda é dizer que os médicos cubanos vão ser escravizados. Jornalistas de direita como Augusto Nunes, Eliane Cantanhêde e políticos como Álvaro Dias e Aécio Neves, dentre muitos outros, têm a insensatez e a cretinice de afirmar que o Governo de uma socialista e trabalhista como a presidenta Dilma Rousseff vai escravizar os médicos cubanos. É de um nonsense só. Então, os governos (Lula e Dilma) que mais distribuíram renda e riqueza, que não venderam o patrimônio público, que preservaram as leis trabalhistas vão tornar os cubanos escravos. Inacreditável, não? A verdade é que gente de imprensa como essa perdeu totalmente a razão e a noção do que é até mesmo razoável falar.
O negócio é o seguinte: até para ser cara de pau tem limite e má-fé intelectual também. Só que esses tucanos travestidos de gente preocupada com o destino e o futuro da Nação se contradizem, porque não são sinceros, pois sabemos, como seres humanos, que as pessoas que defendem um mundo para poucos privilegiados tem de mentir, dissimular, manipular e distorcer a verdade e a realidade dos acontecimentos e dos fatos.
Como uma pessoa pode ser contra a contratação de médicos estrangeiros se os médicos daqui não querem sair dos lugares onde estão? Como pode uma pessoa ser contra o atendimento médico a brasileiros que não têm acesso a eles? Não dá para ser contra, concorda? "Então, o que fazer?" — perguntam os reacionários de direita. E eu respondo: "Minta, distorça, manipule e dissimule. Só que não vai dar certo, porque o povo quer médicos e apoia programas como o Mais Médicos por não saber de suas necessidades". Ponto.
A Associação Brasileira de Médicos se mostrou tão corporativa, elitista e distanciada das realidades do povo brasileiro que entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), no STF, contra o Programa Mais Médicos. A AMB realmente é um órgão de essência empresarial, mas vai perder, porque mesmo com um Supremo de juízes conservadores, tal Tribunal não vai se mostrar tão imprudente ao ponto de ser contrário aos interesses do povo brasileiro. Seria de mais os juízes se insurgirem contra a população carente para fazer mais uma vez política de oposição ao Governo trabalhista.
Para finalizar, vamos esclarecer: ninguém vai ser escravizado. Os governos trabalhistas foram os que mais combateram o trabalho escravo no Brasil. Quem duvida, que tenha a disposição de consultar os números e índices do Ministério do Trabalho. Então, esse papo da direita e da imprensa alienígena de escravidão dos cubanos é balela, mentira, cinismo e maledicência. Além disso, a remuneração dos médicos de Cuba é paga ao governo cubano porque esses profissionais de saúde são funcionários públicos e estão em missão oficial e no exterior. Não é um trabalho autônomo, como se fosse de um profissional liberal. Ponto.
Por seu turno, é necessário salientar que
Cuba é um país socialista e que a população aceita e considera normal que os
recursos conseguidos no exterior por uma categoria profissional, a exemplo dos
médicos, sejam investidos na sociedade. O trabalho dos médicos no exterior ou
de qualquer outra categoria profissional é considerado como dividendos de
exportação de serviços e por isso são compartilhados. As empresas brasileiras,
notadamente as de engenharia que exercem atividades no exterior, também têm
procedimento semelhante em relação aos seus profissionais.
Mesmo assim a direita midiática joga pedras
em qualquer iniciativa do governo trabalhista de Dilma Rousseff, a exemplo com
fez com o ex-presidente Lula. Não consideram nada e não se importam com as
pessoas, a não ser com os seus patrões, porque precisam garantir seus empregos
e privilégios e, por conseguinte, defender os interesses políticos e econômicos
dos magnatas bilionários que desejam fazer do Brasil um clube VIP para poucos
privilegiados. A preocupação da direita é meramente eleitoral. São os votos do
Mais Médicos que deixa os reacionários nervosos e agressivos. Bem-vindo os
médicos cubanos. É isso aí.”
Comentários
Você não é médico, claro.
Eu sou médica clínica geral, e exerço a minha profissão com muito amor há 20 anos.
Eu sempre tratei das pessoas mais simples,e as trato da mesma forma e com todo o cuidado com o qual trato os que podem pagar convênios... até porque ambos são seres humanos, não são?
Bem, eu sou contra o programa Mais Médicos do governo, por algumas razões:
1-Desde o início, o programa começou ferindo a autonomia das universidades federais, tentando aumentar a duração do curso de medicina com uma "canetada". Isso já fere o artigo 207 da Constituição Federal, que considera as universidades autônomas em seu projeto político-pedagógico. Isso foi retirado, devido à enxurrada de críticas recebidas de norte a sul do país.
2- Não foram ouvidas as bases,ou seja: o governo não conversou com os médicos nem com as entidades representativas dos mesmos,o que não se concebe em um estado democrático. O problema poderia ter sido resolvido dessa forma, com a implantação da carreira de estado para o médico;
3-Em todos os países do mundo, um médico, como eu, terá que fazer uma prova de revalidação, no mínimo, para: mostrar fluência na língua do país, mostrar que conhece a epidemiologia e sabe tratar as doenças do país e provar que é mesmo médico. Isso não está sendo adotado pelo programa, tanto que se inscreveram no Mais Médicos 2 traficantes de drogas,1 falso médico,9 com formação duvidosa, que entraram na justiça para poderem se inscrever. Dos que sobraram, a maioria quis ficar nas capitais ou cidades maiores;
4- Exercer medicina sem CRM, sigbifica curandeirismo ou exercício ilegal da medicina;
5- Nâo existe falta de médicos, mas sim uma má distribuição. Por que você acha que os brasileiros não "querem ir aos rincões"? não são "mercenários"? Não iriam ganhar 10.000 reais? A resposta é simples: porque com um estetoscópio e um tensiômetro, pouco se pode fazer pela população. Uma dengue pode complicar, e exigir uma transfusão de sangue, uma pneumonia pode exigir antibióticos mais fortes, uma tuberculose, uma Hanseníase ( lepra) são doenças gravíssimas e comuns na população desses locais. E nada pode ser feito sem os exames e medicação necessários. Até uma "pressão alta", que pode ser diagnosticada com um tensiômetro e um estetoscópio, pode esconder doenças mais graves, que devem ser diagnosticadas.
O problema não é falta de médicos, mas de vergonha na cara do governo. O problema é a falta de esgotos, pois sem saneamento não há saúde. O problema é a falta de comida, água potável ( cadê a transposição do rio São Francisco?), vacinação em massa. Ou seja: prevenção de doenças se dá com boas condições de vida e moradia, que são obrigações do governo brasileiro. Em locais onde não há qualquer infraestrutura, o médico só pode fazer duas coisas: ou rezar para que o paciente não morra, ou encaminhar para um centro maior e melhor. ( E rezar adicionalmente para não ser processado se o paciente morrer.)