Salve Jorge foi a
pior audiência da história da Globo
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“Não é apenas o Jornal Nacional que perdeu
um terço do público na última década.
Dias atrás circulou na internet um
levantamento. Nos últimos dez anos, o Jornal Nacional perdeu um terço da
audiência.
Quem ganhou? Não foi a concorrência na
tevê.
Foi a internet.
Todos já notaram que a internet está
matando a mídia impressa – jornais e revistas.
Mas são poucos os que estão enxergando um
pouco adiante: a tevê, tal como a conhecemos, já está também no corredor da
morte, sob a ação da internet.
Uma pesquisa
da prestigiosa Forrest traz um dado que conta tudo: hoje, os brasileiros
gastam três vezes mais tempo na internet do que na tevê.
E, dado o crescimento avassalador da
internet, logo serão quatro vezes mais, e cinco, e seis – até o traço.
Não é apenas o Jornal Nacional que
emagreceu consideravelmente nestes dez anos em que a internet se consolidou
entre os brasileiros.
O Domingão do Faustão, em São Paulo, o mercado que
é referência para o mercado publicitário, desabou ao longo dos últimos anos
para 10% do Ibope.
Pouco tempo atrás, executivos da Abril
entrevistaram estagiários. Foi perguntado a eles: “Quem vê o Faustão?”
Ninguém. Também foi perguntado quem lia a
Veja e a Exame, e uma mão misericordiosa se ergueu.
O Fantástico é, hoje, uma ruína dominical. Nos
anos 1980, seu apogeu, a audiência passava de 40%. Hoje, está na casa dos 13%,
14%. Outra ruína dominical é a Fórmula 1: perdeu metade do público de 2003 para
cá.
O último reduto da Globo, as novelas,
seguem o mesmo percurso.
Na década de 1980, Roque Santeiro teve, em
seu pior dia, 58% de audiência. No melhor, 95%.
Dez anos atrás, Senhora do Destino teve
média de 50%. No ano passado, Salve Jorge ficou em 30%.
Hoje, a Globo é notícia muito menos por sua
programação do que por coisas como o esdrúxulo horário do futebol por força da
novela e a supersonegação na compra dos direitos da Copa de 2002.
Resta o paradoxo da publicidade.
Mesmo com audiência em dissolução, a Globo
continua a faturar absurdamente em publicidade. Mesmo
o governo — sistematicamente atacado pelos medalhões da Globo em todas as
mídias — colocou cerca de 6 bilhões de reais em propaganda na empresa nos
últimos dez anos.
O milagre-truque se chama Bonificação por
Volume, ou BV, uma criação de Roberto Marinho. É uma comissão, ou propina, paga
às agências. Quanto mais elas anunciam na Globo, mais ganham. Hoje, muitas
agências dependem do BV da Globo.
Mas até quando elas vão anunciar num
Faustão, ou num Fantástico? Quando a audiência recuar para um dígito, que
anunciante tolerará o emprego de seu dinheiro conveniente apenas para a Globo e
para a agência?
Na verdade, surpreende que os anunciantes
não tenham se insurgido, ainda, contra o macabro expediente do BV.
Os anunciantes encontram seus consumidores
onde? No Fantástico ou na internet?
Ora, já hoje os brasileiros gastam três
vezes mais tempo na internet que na tevê.
Ponhamos dez anos na frente, e com a
velocidade arrasadora que a internet tomou.
Que será a Globo em 2023?
Estará viva? É possível. Mas não será
sombra do que foi um dia e nem do que é hoje.”
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