“As grandes manifestações conhecidas como
Jornadas de Junho, que envolveram milhões de pessoas nas cidades, evidenciaram
que coexistiam paralelamente duas agendas no País: a agenda institucional e a
das ruas.
Eduardo Bomfim, Vermelho
A pauta institucional envolve temas que na
sua origem são auto justificáveis, de presença destacada em quase todas as
nações do mundo, nas organizações políticas, em vários estratos da sociedade
civil, na grande mídia em geral, nos setores governamentais em todas suas
esferas, municipal, estadual, federal.
Já as reivindicações que emergiram das lutas nas ruas, essas são mais representativas dos problemas universais que atingem as grandes maiorias da população brasileira e segundo várias pesquisas de opinião pública tiveram apoio de mais de 75% de toda a sociedade, muito embora sabe-se que em meio às ondas humanas que ocuparam as avenidas das cidades a maioria pertencia aos segmentos da classe média o que é compreensível dado o poder de mobilização desse setor, sua tradição de participação na vida social e política do Brasil.
Na verdade as lutas por melhorias na saúde, educação, transporte e segurança, em contradição com a tentativa de lavagem cerebral da grande mídia monopolista reacionária associada ao grande capital financeiro, ao mercado global com suas políticas de privatizações de conteúdo neoliberal, refletiram a exigência por mais Estado e melhor eficiência estatal.
Portanto, a agenda do Brasil das ruas é a resposta indignada contra a desregulamentação das funções estratégicas do Estado brasileiro iniciada nos anos noventa nos governos FHC, ao declínio de suas prerrogativas de promotor decisivo do desenvolvimento nacional, de suas responsabilidades estratégicas, sociais, com infraestrutura.
E se essa geração que foi à luta aos milhões, que tem sido sufocada pelo pensamento único do capital globalizado que busca destruir as causas motivadoras para se construir um Brasil melhor, se ela ainda não possui uma plataforma mais aprofundada do que almeja, sabe-se com certeza que ela abomina essa sociedade que lhes impuseram pela força implacável de um sistema global asfixiante.
Assim, o que se encontra em jogo é o combate que os setores progressistas, democráticos, patrióticos devem travar contra as forças da reação, da grande mídia, na construção de alternativas ao povo brasileiro, socialmente mais avançadas, soberanas, por um futuro mais promissor.”
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