Governador tucano
recebeu doações das
empresas na campanha
estadual de 2002 |
“Envolvidas em suspeitas de corrupção,
multinacionais fizeram doações legais para o governador de São Paulo e tucanos
como José Anibal, Julio Semeghini e Barros Munhoz
As doações foram legais e informadas pelos candidatos em prestações de contas entregues à justiça. Perto do gasto eleitoral total que eles declararam, são irrisórias. Por isso, valem pelo simbolismo. O patrocínio expressou uma preferência política das companhias pelos tucanos e seus aliados. Neste sentido, alimenta a suspeita de que PSDB, Alstom e Siemens são parceiros em obras superfaturadas e desvio de recursos públicos, um esquema sob apuração de várias autoridades.
Em 2002, Alckmin recebeu 5 mil reais da Siemens e 1 mil reais da Alstom. Era a primeira vez que concorria ao cargo. Ele concluía o mandato de Mario Covas (PSDB), morto em 2000. Segundo as denúncias sob investigação, foi no governo Covas (1995-2000) que começou o vínculo tucano com as multinacionais. As duas são responsáveis até hoje por contratos bilionários com o trem e o metrô paulistas. Alckmin gastou no total 12 milhões de reais na eleição de 2002. Ele foi o único candidato a governador de São Paulo a ser financiado pelas multinacionais naquela campanha.
Quatro anos depois, Anibal e Semeghini disputaram e conquistaram uma vaga na Câmara dos Deputados com financiamento da Siemens. O primeiro recebeu 4 mil reais da empresa. Ele declarou ter gasto 1,3 milhão na campanha. Na ocasião, Anibal era vereador em São Paulo, cargo para o qual se elegera em 2004 com apoio financeiro da Alstom. Na Câmara de Vereadores, Anibal foi líder do então prefeito José Serra (PSDB). A secretaria que Anibal comanda hoje cuida de uma área em que atuam Alstom e Siemens. Ambas fornecem equipamentos para usinas térmicas e hidrelétricas.
Em 2008, o jornal norte-americano Wall Street Journal publicou reportagem que informava que o Ministério Público da Suíça investigava a Alstom por subornar agentes públicos em diversos países em troca de contratos. Um dos casos de pagamento de propina teria ocorrido na obra da hidrelétrica de Itá, localizada em Santa Catarina.
Semeghini recebeu da Siemens 3 mil reais na
campanha de 2006, na qual declarou ter gasto ao todo 965 mil reais. Além dele e
de Anibal, a empresa alemã financiou só mais um candidato naquela eleição: o
paranaense Osmar Dias, do PDT. A doação de 8,8 mil reais para Dias foi feita
durante o segundo turno da campanha para o governo do Paraná. Dias concorreu
contra Roberto Requião, do PMDB, que tentou e conseguiu se reeleger. Dias era
apoiado por Alckmin, que disputava a Presidência contra Luiz Inácio Lula da
Silva, que por sua vez aliava-se a Requião.
Barros Munhoz e Rodrigo Garcia elegeram-se
deputados estaduais em 2006 com apoio financeiro da Alstom: 1 mil reais e 2 mil
reais, respectivamente. Ambos declararam à justiça um gasto eleitoral de 1,3
milhão de reais. Eles foram os únicos candidatos financiadas pela multinacional
francesa na eleição.
Eleito, Munhoz foi líder do governador José
Serra na Assembléia em 2007 e 2008. Nos quatro anos seguintes, presidiu a
Assembléia Legislativa – dois anos no fim do mandato de Serra, dois em outra
gestão de Alckmin. Desde março de 2013, ele é líder de Alckmin na Assembléia. É
quem comanda a tropa do governador contra a instalação da CPI do Metrô,
defendida pelo PT. Em nota na sexta-feira 9, Munhoz disse que o pedido de CPI
“não passa de mais uma manobra midiática de parlamentares oposicionistas com
foco nas eleições do ano que vem”.
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