Revezes. Até a
presidenta Dilma contribui
para a amargura
final de Gurgel
Foto: José
Cruz/ABr
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“Próximo do fim do seu mandato, o
procurador-geral da República só coleciona derrotas e não dará posse ao
sucessor
Por decisão do Supremo
Tribunal Federal, Roberto Gurgel está forçado a levantar o manto de proteção
mantido em torno da gestão dele na Procuradoria-Geral da República (PGR). A
decisão do STF resulta das insistentes negativas aos ofícios de Luiz Moreira, do
Conselho Nacional do Ministério Público. Gurgel tentou bloquear o pedido no
STF. Perdeu. Agora terá de explicar decisões administrativas que vão dos
pregões para compra de veículos até a avaliação das coberturas indevidas do
Programa de Saúde Assistencial.
É uma faxina. Não se sabe quanta poeira
levantará. Isso ocorre a poucos dias do fim do reinado de Gurgel. A presidenta
Dilma Rousseff, até o momento, não anunciou o substituto dele. E tudo indica
que só em agosto o nome será conhecido.
Dilma não tem sido apressada nessas decisões. Foi
assim com as escolhas para o STF. É assim também com a indicação do novo
procurador-geral. O comportamento igual não implica, porém, motivação
semelhante. O caso agora é outro.
O semestre judiciário começará de fato no dia 5 de
agosto. Mesmo que a presidenta escolha de imediato o nome do substituto, o
tempo entre a indicação e a sabatina no Senado irá além do dia 13, último dia
de Gurgel no poder. O resultado disso é que ele não dará posse ao sucessor. É
uma amarga despedida. Explicável.
Gurgel fez da
PGR uma frente de judicialização da política,
caracterizada por ações contra o governo e contra o PT. É o caso da peça
acusatória da Ação 470, popularizada como “mensalão”, apresentada no STF com
transmissão ao vivo pela televisão. O teor, preparado por Gurgel, facilitou o
desempenho de alguns dos ministros da Corte: a partir dali, disseminaram pelo
País o que o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos
(www.ocafezinho.com) chamou de Discurso do Ódio: “Designam insultos contra
indivíduos e grupos com o objetivo de provocar o ódio contra eles, e eventual
violência, simplesmente porque são quem são”.
Ousado, com trânsito livre e eco forte na mídia
conservadora – “de direita”, corrigiria Joaquim Barbosa –, além de amizades sólidas
no Congresso, notadamente José Sarney, tentou bloquear a ascensão de Renan
Calheiros à presidência do Senado. Perdeu mais uma vez. Gurgel, no ocaso,
coleciona derrotas.
Ele fez esforço para barrar o retorno de Luiz Moreira
ao Conselho Nacional do Ministério Público. Era uma indicação da Câmara, com
aprovação de todos os líderes partidários. O bloqueio foi derrubado no Senado.
O procurador-geral perdeu mais uma vez. Assim como perdeu com o veto do Senado
a Vladimir Aras, indicado por Gurgel para a diretoria da Associação Nacional
dos Procuradores da República.
Dilma também deixou marca no ocaso do
procurador-geral.
Após as manifestações nas ruas, ela ouviu os
representantes do mundo jurídico sobre o movimento: STF, TSE, OAB. A PGR (Gurgel) ficou de fora.”
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