Renato Rovai, Blog do Rovai /
Revista Forúm
“É impressionante como as coisas ficaram
sérias na Cantina Brasil. De repente quibes e empadinhas resolveram se revoltar
como nunca antes na história deste país contra os coxinhas.
Mas quem são os tais ou as tais coxinhas na
opinião dos outros quitutes?
Do ponto de vista da análise clássica
marxista seriam os burgueses, esse segmento que é um cancro social ao qual não
estão vinculados, por exemplo, quibes e empadinhas. E que utilizam o
lupenzinato para impor sua agenda e sua pauta. Além de operar para impedir as
grandes transformações revolucionárias que o atual governo estaria operando.
Mas quem são os quibes e as empadinhas que
tanto criticam os coxinhas? Em geral, são pessoas que passaram pelas boas
universidades, dedicam boa parte do seu dia ao estudo e que têm relativo
sucesso profissional. Pessoas, poderíamos dizer assim, bem sucedidas.
Mas por que cargas d´água eles não são
coxinhas, se não acordam às 5h da manhã para ir trabalhar numa fábrica ou numa
casa de família? Se têm uma renda bem acima da média da nação? Se têm grau
universitário, algo, aliás, que é utilizado para jogar na lama boa parte da
legitimidade dos movimentos que foram às ruas do Brasil nos últimos dias?
Eles não são coxinhas porque teriam o que
se convencionou chamar de consciência política. E por conta disso, acreditam
ter uma representação consentida pelos que estão no pé da pirâmide para
representá-los. E em nome deles acusar de coxinhas todos aqueles que não
consideram legítimos representantes do povo.
É algo realmente impressionante a forma
como as análises vêm se desenvolvendo na Cantina Brasil. A tese central da
análise que lá acontece é que os 2 milhões que foram às ruas não sabiam o
quanto estavam sendo usados. E que a ocupação das ruas só interessava ao
golpismo.
O resto é mero detalhe.
Tudo o que esse movimento de ruas está
alcançando, como uma nova configuração da política não merece estudo.
Nas análises da Cantina Brasil só interessa
falar de coxinhas.”
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