Folha diz que dinheiro de Alves ia pagar imóvel


Versão sobre o destino dos R$ 100 mil roubados do assessor do presidente da Câmara em Brasília ainda deixa dúvidas; ao jornal, o deputado federal João Maia (PR-RN), que receberia a quantia, conforme noticiou com exclusividade o 247, confirmou a venda de um apartamento em Natal por R$ 1 milhão; perguntas a serem respondidas, porém, são: por que o dinheiro estava em espécie? Por que Henrique Alves (PMDB-RN) preferiu não revelar seu destino, em entrevista à Folha, há três dias? Por que o inquérito sobre o assalto corre em segredo?


O episódio que envolve os R$ 100 mil do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), carregados numa maleta por seu assessor em Brasília, recebe fatos novos, mas não chega a ser esclarecido. Ainda há muitos pontos obscuros, como afirmou o 247 nesta sexta-feira, quando revelou com exclusividade os detalhes do assalto sofrido pelo secretário parlamentar Wellington Ferreira da Costa e o destino da maior parte do dinheiro – R$ 90 mil iriam para o deputado João Maia (PR), conterrâneo de Alves.

Neste sábado, a Folha de S.Paulo acrescenta uma informação à história: a entrega do dinheiro seria para amortizar a compra de um imóvel em Natal, no valor de R$ 1 milhão, do deputado Maia. Ao jornal, o parlamentar confirmou que ainda tinha para receber pelo apartamento, vendido no ano passado ao presidente da Câmara, R$ 500 mil parcelados – a outra metade foi paga à vista por Alves, segundo ele. "A venda está, inclusive, registrada no meu Imposto de Renda, com os valores e tudo. Ele havia combinado de me pagar, mas houve esse problema", disse Maia, segundo a Folha.

Se o dinheiro realmente serviria para pagar o apartamento, e tudo está registrado legalmente, o curioso é Henrique Alves não ter esclarecido isso quando teve uma grande oportunidade, há apenas três dias, em entrevista ao mesmo jornal. Ao jornalista Fernando Rodrigues, ele confirmou que o dinheiro era seu, de um empréstimo do Banco do Brasil, mas quando questionado sobre seu destino, declarou ser "um assunto privado, particular", e que não iria dar detalhes por ser "um pouco de invasão de privacidade".

Além disso, por que o dinheiro seria entregue em espécie, ao invés de ter sido feita uma transferência bancária para a conta de João Maia, o que seria mais seguro e evitaria o assalto ocorrido? Alves também foi questionado sobre isso, mas não explicou. "É um direito meu, não é?", disse apenas. Na delegacia, mais um fator causa estranheza: o inquérito sobre o assalto instaurado na Polícia Civil de Brasília corre em segredo. Conforme apuração da Folha, "não é normal haver sigilo em casos de roubo, a não ser que haja pedido feito por alguma autoridade".

Como se vê, ainda há muito que esclarecer sobre o caso. Mas em resposta à reportagem do jornal paulista, a assessoria da presidência da Câmara disse apenas que "todas as informações foram prestadas às autoridades competentes" e que o presidente da Casa "aguarda a conclusão dos trabalhos da polícia".

Leia mais em Exclusivo: mala de Alves ia para o deputado João Maia

Comentários