Rodolpho Motta Lima, Direto da Redação
“No Brasil de hoje, chega a ser escandaloso
esse monopólio da grande mídia, propriedade de poucas dezenas de famílias que
conduzem a notícia e manipulam os fatos de acordo com sua conveniência,
que se confunde com interesses econômicos de outros grandes grupos
empresariais.
Quando se fala em regulação dos
nossos meios de informação, a mídia tupiniquim se enche de brios
libertários, acena com o terrível espectro da censura e passa por cima do que
efetivamente se deseja discutir: a ausência de um contraponto que possibilite a
boa informação, aquela que não se pauta apenas pelos assuntos que convêm a um
propósito político de poder, mas que procura também, com isenção, o
contraditório.
Felizmente, e já há algum tempo, esse
jornalismo “tradicional” não fala sozinho. A existência da internet, com
suas características democráticas, começa a impor um outro padrão de jornalismo
sem patrões que permite , através de um sem número de blogs, o levantamento de
temas e de notícias que passam permanentemente em branco na grande imprensa.
Agora, por exemplo, multiplicam-se por aí
notícias que envolvem operações suspeitas ou comportamentos condenáveis de
personagens do meio político e/ou jurídico tidos como mocinhos nesse bang-bang
em que se transformou a política brasileira. Quem tiver curiosidade, basta
acionar os sites de busca. Irá encontrar, por exemplo, detalhes de
supostas fraudes fiscais de organizações midiáticas que se esmeram no
“combate à corrupção”...
Na área da justiça, poderá verificar as
suspeitas sobre irregularidades em licitações e contratos firmados ou
denúncias de viagens particulares à custa do dinheiro público por
parte de autoridades tidas como respeitáveis. Dando o benefício da
dúvida e admitindo, só para argumentar, que não se deva confiar em todas as
matérias – embora algumas delas estejam fartamente documentadas -, o fato é que
se trata de ocorrências que, no mínimo, deveriam ser apuradas e/ou
respondidas quanto à sua veracidade, em nome do decoro e do interesse público. E
o “jornalismo investigativo” da grande imprensa poderia dar a sua contribuição.
Acho mesmo que isso poderá acontecer... no dia em que o sargento Garcia prender
o Zorro...
Menciono aqui esse jornalismo
independente, porque ele começa a incomodar a turma de cima, essa
mesma que pretende ter também o monopólio das virtudes e que trata
posturas fraudulentas como algo restrito aos seus inimigos. É óbvio
que existe hoje no país uma escalada que pretende a desestabilização total do
Governo , através de um metralhar constante de “notícias” alarmantes e
pessimistas que, sem qualquer cuidado quanto aos males que isso produzirá para
o Brasil e para todos os seus cidadãos, apenas enxergam no caos a possibilidade
de voltar a ocupar o poder político no país. É a turma do quanto pior
melhor.
O caso da inflação é emblemático. Depois do
escarcéu que teve o tomate como protagonista, a possibilidade de uma
inflação crescente, cantada e desejada pelo pessoal do Restelo, é hoje
descartada.
O mais lamentável, para mim, é que
jornalistas assalariados se prestem à desinformação em nome da manutenção de um
emprego e que troquem o que deveria ser uma devoção profissional pelo efêmero
prazer do brilho dos holofotes e do prestígio pessoal.
A forma como se está querendo bombardear as
propostas da Presidenta Dilma – formuladas a partir do reconhecimento do clamor
das ruas -, se não fosse trágica, seria ridícula, tais os contrassensos
que revela. Tenta-se, por exemplo, desqualificar o plebiscito com
argumentos os mais disparatados, que sequer disfarçam o verdadeiro intuito de
evitar que o povo fale diretamente. Em franca contradição com a tese de que “o
gigante acordou”, acusam a proposta de ser tentativa “bolivariana” de fazer
política, ou de encobrir filosofia comunista etc etc ...
É bem nítida a satisfação com que essa
turma anuncia “derrotas” do Governo quando o Congresso, esse Congresso
sabidamente clientelista e chantagista, encosta a Presidenta na parede. A ânsia
do chamado PIG parece desconhecer que é toda a classe política que
está em discussão nesse pais e o poder legislativo, em especial, justamente em
função de seus posicionamentos corporativos e fisiológicos.
Essa turma de inconformados ainda não
percebeu que, qualquer que venha a ser o cenário eleitoral em 2014, o povo não
escolherá o retrocesso, a perda das conquistas que levaram milhões a sair
da pobreza. Não serão aceitas pela maioria ações que interrompam o processo de
redução das desigualdades e que retornem pura e simplesmente ao neoliberalismo
do Estado mínimo. Acho que é por isso que paira no ar, diuturnamente, em
certas redações, um ar conspiratório e golpista de gente que, a qualquer custo,
mesmo com a quebra dos limites democráticos, quer recuperar o espaço perdido
para o povo.
Se querem – e como querem ! –
derrubar Dilma Roussef, que a tentativa se faça no campo da democracia,
no voto, caso o tenham... E os que se regozijam, hoje, com as pesquisas de
opinião – que refletem um corte de momento em nossa realidade política –
esquecem que a fila anda... Daqui até 2014, mesmo sob a esperada omisão da
mídia hegemônica, tudo indica que outras investigações tenderão a aparecer, e
quem sabe também frequentarão os cartazes das ruas, respingando em muitos dos
atuais paladinos da moralidade...
Ah! Já ia me esquecendo de mencionar a
“Privataria Tucana” e o mensalão mineiro. Seria uma falha indesculpável. São
outros temas que têm que ser retirados do silêncio dos coniventes para passar
pelo crivo crítico da sociedade.”
Comentários