Faltou jogo de cintura


Leila Cordeiro, Direto da Redação

Não dá para entender como profissionais experientes na TV se perdem em transmissões ao vivo quando saem da rotina e não sabem lidar com situações inesperadas ou, se quiserem, fora do script.  A maioria não percebe que a graça de um flash ou transmissão ao vivo é exatamente o imprevisto,  algum fato extra que aconteça para desafiar o jogo de cintura   do profissional assim como sua capacidade de improvisar diante de algo surpreendente.

E foi exatamente isso que aconteceu com apresentador William Bonner,  que na última sexta-feira estava em Brasília de onde ancorou o Jornal Nacional,  por causa da abertura da Copa das Confederações. Bonner  pisou na bola no quesito naturalidade, que é um dos mais importantes no bom jornalismo ao vivo.

Não há nada de pessoal na crítica, mas,  primeiro de tudo,  Bonner quando foi chamado pela sua colega Patrícia Poeta que ancorava o telejornal do estúdio no Rio, parecia mais um principiante.  de tão inseguro na cobertura esportiva,  tarefa aliás que sempre coube à sua mulher,  Fátima Bernardes,  quando ancorava o JN e era "arroz de festa" em todas as mais importantes coberturas ligadas ao esporte, especialmente ao futebol.

Agora, com Fátima fora do jornal, Bonner passou a ser o âncora dos principais eventos externos e parece que ele ainda precisa aprender muito nessa área. Cheio de trejeitos nervosos e piscando os olhos sem parar, ele quis parecer natural, mas acabou protagonizando gafes desnecessárias.

Numa das voltas do comercial, foi visível o susto de William que,  pego de surpresa,  empurrou alguém da produção que parecia querer ajudar o Galvão a colocar o microfone ou algo parecido,   apareceu parcialmente em quadro na câmera ( Veja o vídeo )

Foi nesse momento que Bonner perdeu a chance de mostrar se era realmente bom no que faz. Em vez de simplesmente empurrar a pessoa,  ele deveria ter deixado que ela aparecesse na tela mostrando naturalmente o que estava acontecendo, dirigindo-se ao público e justificando o imprevisto como algo natural que pode vir a acontecer em qualquer cobertura ao vivo.

Outra coisa que Bonner poderia ter evitado,  foi cutucar as costas do locutor Galvão Bueno, para pedir que ele abreviasse seu comentário já que o tempo estava acabando e, provavelmente, em seu ouvido num ponto eletrônico o diretor deveria estar gritando:  “Dá um jeito de fazer o Galvão parar de falar porque o tempo do Jornal já estourou"

Também nessa Bonner perdeu a chance de mostrar que era o dono da bola.  Poderia ter aproveitado a tagarelice do Galvão e,  brincado com ele, dizer algo simpático como :  Ih,  Galvão, infelizmente o tempo do jornal acabou e eu vou ter que encerrar nossa participação, mas amanhã quero ver você brilhando na transmissão de Brasil e Japão,  tá certo?

Pronto, isso teria sido mais simpático e daria a Bonner o status de um profissional realmente experiente que sabe sair de situações inesperadas com naturalidade mostrando que ele está pronto para o que der e vier e com a maior categoria.  Mas não foi isso o que se viu na telinha da TV.

Evidentemente,  essa é uma opinião minha,  mas me considero apta a palpitar sobre o assunto, pois em quase toda a minha carreira de repórter fiz transmissões diárias ao vivo e foi nas ruas com todos os percalços, perigos e surpresas que aprendi a me comportar diante de uma câmera ao vivo.

Talvez esteja faltando esse tipo de experiência a Bonner, acostumado ao script inflexível  do JN. Afinal humildade, profissionalismo e canja de galinha não fazem mal a ninguém, não é mesmo?”

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