Abertura do 3º
Falp teve discursos firmes
contra o
neoliberalismo, iniciados pelo prefeito
de Canoas / Secom/Canoas
|
“Para o governador gaúcho, endividamento
público foi utilizado para prender o Estado ao mercado financeiro e
desacreditar a prática política e dos partidos
"O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), afirmou na
noite de ontem (11) que é preciso enfrentar o controle do espaço político pelo
capital financeiro.
“Devemos derrotar o projeto neoliberal, que retira a dignidade da
política, submetendo os sujeitos estatais à sua lógica e destruindo as
conquistas que a sociedade moderna conseguiu ao longo das lutas sociais”,
disse, na abertura do 3º Fórum Mundial de Autoridades Locais de Periferia
(Falp), em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre.
“Esse capital capturou as funções do Estado e submeteu-o aos seus
interesses. Ao longo dos anos 90 o Estado foi perdendo a função de desenvolver
políticas públicas através da escravização pela dívida pública. Esse processo
tem mandatários que têm identidade, endereço e são parte do sistema mundial”,
explicou.
Para ele, esse sistema submete os partidos à lógica do mercado e
desmerece a prática política perante à opinião pública "para que que ela
possa servir a interesses mercadológicos”.
Para Genro, esse caminho é perigoso. “Se substitui a política pela
técnica e na base disso está a saída fascista”, disse o governador. Para ele,
ações como a organização de atores políticos progressistas através do Falp tem
a função de dissolver as barreiras burocráticas e autoritárias que separam os
movimentos sociais e a população do Estado.
“Revigorar a política e adequar os agentes sociais transformadores da
realidade a um novo tempo é o que está na fundação deste fórum”, concluiu.
Cidades
inclusivas
O prefeito de Canoas, Jairo Jorge da Silva
(PT), afirmou sua incredulidade nos sistemas político e econômico globalizados.
“Somos aqueles que não acreditam no
deus-mercado. Queremos uma cidade que valorize as pessoas. Buscamos um novo
modelo de desenvolvimento, com cidades inclusivas e democráticas”, afirmou.
Na concepção do prefeito, o ideal de
"grande cidade" também deve ser revisto. “Cidades grandes são aquelas
focadas em seus cidadãos. As novas metrópoles devem ser democráticas e
participativas. Devem ser solidárias, com soluções pactuadas por todos. E
sustentáveis para enfrentar os desafios que se impõe para o futuro”, completou.
Em Canoas, segundo o prefeito, iniciativas
como Orçamento Participativo, audiências públicas para discutir o Plano
Plurianual e projetos com participação popular, como os Territórios de Paz –
iniciativas de redução da violência e promoção de cidadania –, são parte da
estrutura de gestão e decisivos para garantir que se atue pelo interesse da
maioria da população.
Fracasso
Para o prefeito de Nanterre, cidade
localizada na região metropolitana de Paris, na França, Patrick Jarry, a forma
de organização do mundo de hoje está destinada ao fracasso.
“Novas cidades devem possibilitar que
sejamos cidadãos na nossa rua, no nosso bairro, mas também em toda a cidade, no
estado e no país. E não simplesmente garantir o direito à cidade apenas para
uma parcela mais rica da população”, ponderou.
Também participaram da abertura o prefeito
de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), o reitor do Centro Universitário La Salle, Paulo Fossati, e
cerca de 500 pessoas, entre líderes locais dos países participantes do fórum e
militantes de movimentos sociais.
Nesta edição, o Falp pretende reunir 1.100
autoridades de 200 cidades e 50 países da América Latina, África, Oriente Médio
e Europa. Serão discutidos temas como identidade e multipolaridade, governança
e participação, igualdade e políticas de gênero.
Além dos debates políticos, haverá
atividades culturais tradicionais dos países participantes e seminários
paralelos sobre temas diversos. O evento se encerra na quinta-feira (13), com
uma palestra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O fórum foi idealizado em 2003, durante o
processo do Fórum Social Mundial (FSM) e do Fórum de Autoridades Locais pela
Inclusão Social e a Democracia Participativa. Propõe a criação de novos
paradigmas para o espaço urbano, baseado no estabelecimento de novas
centralidades, na solidariedade, na sustentabilidade, na valorização das
diferentes culturas, na inclusão social e na defesa dos direitos. Desde então
foram realizadas duas edições, a primeira em 2006, na cidade francesa de
Nanterre, e a segunda em 2010, em Getafe, na Espanha.
Comentários