“Lançando mão da conhecida ironia inglesa,
da qual é bandeira, revista 'The Economist' insiste em pilotar economia
brasileira; com sinal contrário, pede outra vez a cabeça do ministro da Fazenda
do Brasil; na sua Inglaterra de origem, país vai perdendo o direito de
estabelecer sua própria taxa de juros, a Libor, depois de um escândalo de
manipulação no qual, até agora, ninguém foi punido; casa desarrumada
desvaloriza piada nova e palpite velho
Em artigo sobre a "medíocre economia brasileira" publicado em sua edição desta semana, a revista britânica 'The Economist' pede, ironicamente, que a presidente Dilma Rousseff mantenha o ministro da Fazenda, Guido Mantega, no cargo. "Foi amplamente reportado no Brasil que nossa impertinência teve o efeito de tornar o ministro 'indemitível'. Agora vamos tentar outra coisa. Nós pedimos à presidente que o mantenha a todo custo: ele é um sucesso", diz o texto.
Em dezembro passado, a revista publicou reportagem para criticar previsões do ministro que não se confirmaram. "Ela (Dilma) insiste que é pragmática. Se for, deve demitir o senhor Mantega, cujas projeções otimistas demais perderam a confiança dos investidores", sugeria a publicação (relembre). Como destaca a própria 'Economist' desta nesta semana, contudo, o palpite acabou fortalecendo o ministro, que recebeu apoios públicos da presidente Dilma Roussef e de ministros como Fernando Pimentel.
De positivo, para a revista, apenas a agroindústria, "mais ciência e inovação do que você poderia imaginar", e um mercado doméstico imenso. "De todo modo, as coisas estão ficando mais difíceis para o Brasil", critica. Na Inglaterra da 'Economist', contudo, as coisas não vão lá muito bem. O país vai perdendo o direito de estabelecer sua própria taxa de juros, a Libor, depois de um escândalo de manipulação no qual, até agora, ninguém foi punido.
Críticas
A reportagem desta semana critica a condução da economia brasileira, que estarua lentamente abandonando a "fórmula por trás do sucesso do país". A revista se refere ao regime de metas de inflação, transparência nas contas públicas, meta fiscal rigorosa e uma atitude mais aberta ao comércio exterior e ao investimento privado. Segundo a 'Economist', a recessão global fez que os presidentes Lula e Dilma dessem as costas ao liberalismo econômico e abraçassem o capitalismo de estado chinês.
"O Ministério da Fazenda assinou grandes cheques para impulsionar o crédito pelos bancos estatais. O governo desistiu da reforma de mercado, e gastou sem remorsos. Quando o superaquecimento [da economia] estagnou, a presidente publicamente pediu ao Banco Central que cortasse os juros. Quando a inflação chegou ao teto da meta, ela disse que se importava mais com o crescimento", diz o texto.
A revista critica ainda os cortes de
tributos promovidos em alguns setores da economia, que não tiveram
contrapartida em cortes de gastos do governo. "O resultado é que os
investidores ficaram confusos sobre a política econômica brasileira. Essa
incerteza contribuiu para um desempenho medíocre: desde 2011 o crescimento tem
ficado menor e a inflação maior que na maioria dos países da América
Latina".
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