Baixa da inflação desmoraliza lobby do tomate


Favorecido pela pressão menor dos preços dos alimentos, IPCA perdeu força em maio, quando registrou alta a 0,37%, menor resultado em quase um ano; em 12 meses até maio, o índice acumulou 6,50%, ligeiramente acima dos 6,49% de abril, mas permanecendo dentro da meta da Fazenda, do ministro Guido Mantega; segundo o Banco Central, de Alexandre Tombini, a elevação da Selic vai contribuir para desacelerar a inflação

Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira, Reuters / Brasil 247

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou a alta a 0,37 por cento em maio, menor resultado em quase um ano e mostrando redução do índice de difusão, favorecido pela pressão menor dos preços dos alimentos.

O resultado do mês passado é o menor desde junho de 2012, quando teve variação positiva de 0,08 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. Em abril, o indicador havia avançado 0,55 por cento. Em 12 meses até maio, o IPCA acumulou no mês passado 6,50 por cento, ligeiramente acima dos 6,49 por cento de abril mas permanecendo dentro da meta do governo, de 4,5 por cento com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.

O resultado ficou em linha com as expectativas de analistas ouvidos pela Reuters, que esperavam alta mensal de 0,38 por cento em maio e 6,51 por cento em 12 meses.

De acordo com o IBGE, o grupo Alimentação e bebidas avançou 0,31 por cento no mês passado, depois de ter subido 0,96 por cento em abril. Com isso, o impacto no IPCA foi de 0,08 ponto percentual em maio, ante 0,24 ponto no mês anterior.

O destaque foram os preços do tomate, que caíram 10,31 por cento em maio, ante alta de 7,39 por cento em abril, com impacto negativo de 0,04 ponto no indicador.

Segundo o IBGE, os remédios exerceram o principal impacto de alta sobre o IPCA de maio, com 0,06 ponto percentual, mas a taxa desacelerou na comparação com abril ao atingir 1,61 por cento, ante 2,99 por cento no mês anterior.

Isso favoreceu a desaceleração da alta no setor de Saúde e cuidados pessoais a 0,94 por cento, ante 1,28 por cento no mês anterior, mas este ainda foi o grupo com maior variação no mês .

Com esse resultado, o índice de difusão do IPCA caiu para 63,0 por cento em maio, ante 65,8 por cento em abril, de acordo com o Banco Fator.

A inflação ainda elevada obrigou o Banco Central a acelerar o passo, elevando a Selic em 0,5 ponto percentual, para 8 por cento ao ano, na semana passada. A autoridade monetária também endureceu o discurso e pintou um quadro mais feio para a inflação, afirmando que trabalhará com a "devida tempestividade" para combatê-la.

Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada na véspera, o BC destacou que a tendência do dólar é de valorização, ao mesmo tempo em que chamou a atenção para os riscos da inflação mais pesada afetar o consumo e o investimento.

Os preços altos já afetaram o consumo da população neste ano e, depois ter agido como sustentação da economia doméstica, contribuiu pouco para o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, subindo apenas 0,6 por cento.

O resultado do IPCA ficou abaixo de sua prévia (IPCA-15), que havia registrado desaceleração da alta a 0,46 por cento em maio.”

Comentários