“O programa político do PSBD me trouxe uma
certeza: o enfoque da grande imprensa sobre a inflação, com a criação de
factóides como o do tomate, era uma preparação de terreno para o foco escolhido
pelo senador tucano
Chico Vigilante, Brasil 247
O
programa político do PSBD me trouxe uma certeza: o enfoque da grande imprensa
escrita e televisiva no último mês sobre a inflação no país, com a criação de
factóides como o do tomate, era uma preparação de terreno para o foco escolhido
pelo senador Aécio Neves no programa de quinta-feira.
Em
sua estreia na tevê, o presidente nacional do PSDB, provável candidato do
partido à Presidência em 2014, aposta na estratégia de se tornar
conhecido fora de Minas, mostrando as realizações de seus dois mandatos à
frente do governo do Estado (2003-2010) e desgastar a presidente Dilma Rousseff
abordando o risco de descontrole inflacionário.
Para
tentar convencer o público ele reinou praticamente sozinho nos 10 minutos do
programa, que apenas ao final apresenta breves discursos do governador Geraldo
Alckmin, do ex-governador José Serra e do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso.
É
deprimente como a imprensa comercial brasileira é claramente a favor das
elites, e acredita que o povo brasileiro é estúpido e não tem o discernimento
necessário para perceber jogadas como essa. A imprensa já comentava antes do
programa ir ao ar qual seria a linha desenvolvida por Aécio.
Quando
fala dos perigos da inflação no governo Dilma, Aécio se esquece de que no
último ano do governo FHC a inflação ficou acima de 20%.
Quando
critica a política de educação do PT ele esquece de citar a maneira humilhante
como são tratados os professores em Minas Gerais; quando defende a qualificação
profissional ele se esquece de que no governo FHC além de não ter sido
construída nenhuma escola técnica ainda foi baixado um decreto proibindo o
governo federal de ter escolas técnicas.
Esse
decreto foi suspenso pelo governo Lula e de lá pra cá já construímos mais de
200 escolas técnicas em todo o país, além de termos criado o Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB), instituição de
ensino público, com sede em Brasília, já funcionando em cinco regiões
administrativas.
Quando
critica a atual situação das estradas brasileiras, que foram em sua
maioria reconstruídas por Lula e Dilma, ele não se lembrou de contar que no
último ano do governo FHC a Rede Globo de Televisão mandou Pedro Bial percorrer
as estradas brasileiras do RGS ao Pará para mostrar a aventura quase impossível
que representava fazer esse trajeto de automóvel, devido ao estado lamentável
que se encontravam.
Quando
fala num discurso tipicamente populista em diminuir as despesas públicas e
gastar mais com o povo, nós sabemos que por traz disso está a defesa da velha cartilha
neoliberal que deu errado no mundo inteiro, que se baseia na venda das estatais
com a redução da prestação de serviços públicos à população, falta de
investimentos em educação, saúde, segurança. Afinal os ricos tem dinheiro para
estudar em escolas caras, freqüentar hospitais particulares e pagar seguranças
ou até circular em carros blindados.
Dizer
que nada do que os governos Lula e Dilma fizeram seria possível se não fosse o
Plano Real de FHC é no mínimo uma falta de informação, porque sua instituição
se deu na gestão do presidente Itamar Franco, que inclusive apoiou Lula anos
depois em sua candidatura à presidência.
Portanto,
senador Aécio, seu discurso, com imagens de mocinho e cadência mais de cinema
do que de programa político não convence a ninguém que tenha um mínimo de
conhecimento e memória.”
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