A violência policial nas manifestações de São Paulo nos aproxima de Carajás e Pinheirinho



Se tudo ocorreu conforme o combinado a esta altura a agricultura brasileira deve ter parado por causa dos índios, justamente quem aqui a iniciou.

Estivessem vivos, os antropólogos Darcy Ribeiro (1922-1997) e Claude Lévi-Strauss (1908-2009) se espantariam. Ou, inteligentes, perguntariam: quer dizer que as raizinhas embaixo da terra pararam de se desenvolver?

A Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) instou para que as federações estaduais, onde houver conflitos com indígenas, paralisem suas atividades e organizem manifestações, neste 14 de junho.

Na linha de tiro, a aprovação da PEC 215 que retira do Executivo, leia-se FUNAI, o poder exclusivo para demarcar terras indígenas. A FPA afirma que a continuar assim, nessas regiões, caminha-se para um clima de guerra civil.

Não creio que cheguemos a tanto, mas até agora três índios foram baleados. Dois deles morreram. É mais e pior do que se viu nos últimos dias, em São Paulo e outras capitais, como resposta aos aumentos nas tarifas dos transportes coletivos.

Uma coisa é certa: a polícia não irá reprimir as eventuais manifestações agropecuárias com violência. Seus ouvidos são menos sensíveis aos sons de berrantes do que aos apitos da meninada paulistana.

Os acontecimentos de São Paulo poderão ilustrar a nós, urbanoides de fino trato, o que têm sido os conflitos entre a polícia e os movimentos sociais durante ações de reintegração de posse, desalojamento de grupos de sem tetos, acampamentos do MST e em posses de terras indígenas.

Vê-los ou deles sabermos através das folhas e telas cotidianas tem-nos parecido menos dolorido. Afinal, pouco atrapalha o nosso direito de ir e vir, como temos ouvido das autoridades, sendo esse oferecimento nosso único prêmio.

São Paulo, nesta semana, fez-nos saber o que foram os tantos Carajás e Pinheirinhos que tivemos por conta de um trabalho de inserção social a anos-luz de ser completado. “

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